domingo, 6 de março de 2022

OS ICONOCLASTAS

 




Iconoclasta é uma palavra de origem grega: eikon (ícone) + klastein (quebrar) e significa “quebrador de imagem”. A heresia iconoclasta perturbou o império bizantino do Oriente durante os séculos VIII e IX. Para combatê-la, a Santa Igreja definiu a doutrina sobre as sagradas imagens no II Concílio de Nicéia (7º Ecumênico), realizado entre 24 de setembro e 23 de outubro de 787. 

Na 7ª sessão deste Concílio[1], ficou definido o seguinte:

Como que prosseguindo sobre a via régia, seguindo a doutrina divinamente inspirada pelos nossos santos Padres e a tradição da Igreja católica – pois reconhecemos que ela é do Espírito Santo que a habita –, nós definimos com todo o rigor e cuidado que, à semelhança da figura da cruz preciosa e vivificante, assim as venerandas e santas imagens, quer pintadas, quer em mosaico ou em qualquer outro material adequado, devem ser expostas nas santas igrejas de Deus, sobre os sagrados utensílios e paramentos, sobre as paredes e painéis, nas casas e nas ruas; tanto a imagem do Senhor Deus e Salvador nosso Jesus Cristo como a da Imaculada nossa Senhora, a santa Deípara, dos venerandos anjos e de todos os santos e justos [...]. De fato, quanto mais <os santos> são contemplados na imagem que os reproduz, tanto mais os que contemplam as <imagens> são levados à recordação e ao desejo dos modelos originais e a tributar a elas, beijando-as, respeito e veneração [...]. Pois “a honra prestada à imagem passa para o modelo original”, e quem venera a imagem venera a pessoa de quem nela é reproduzido. (Grifos nossos).

Mas a heresia iconoclasta reapareceu no período da Revolução Protestante, pois, como diz São Pio X[2], “o Protestantismo é o compêndio de todas as heresias que houve antes dele, que houve depois e que podem ainda nascer para a ruína das almas”. E esta heresia permanece até os dias atuais nas cerca de 33 (trinta e três) mil denominações protestantes existentes atualmente. A principal acusação que fazem à Santa Igreja é a de que os católicos somos adoradores de ídolos. Mas será que isso é verdade? É o que veremos adiante.

 

I-                   SENTIDO TEOLÓGICO DAS IMAGENS

 

Antes de tudo, é preciso explicar a diferença existente entre cultos prestados na Religião. São três as espécies de cultos: culto de latria, de dulia e de hiperdulia. Vejamos cada um.

Latria: é o culto de adoração devido somente a Deus, como reconhecimento do seu domínio absoluto. Segundo Santo Tomás[3], “deve-se dizer que, como servo se diz em referência ao senhor, é preciso que, onde aparece uma razão especial de domínio, haja também razão de servidão. Ora, é evidente que o domínio se aplica a Deus por razão própria e singular, porque Deus fez todas as coisas e em todas elas tem o supremo domínio. Por isso, a Ele é devida uma servidão especial, que, entre os gregos, chama-se latria”.

Dulia: é o culto de respeito devido às pessoas criadas que têm certa excelência, como por exemplo, os pais, os reis, os chefes do exército, os professores, os sábios, etc. - na ordem natural; e os santos - na ordem sobrenatural. Em suma, é um culto de honra. “A honra”, como diz Santo Tomás[4], “comporta uma certa atestação da excelência de alguém”. 

Hiperdulia: é o culto de dulia, porém mais excelente. É o culto que se destina a Maria, Mãe de Deus. Como diz o Aquinate[5], “deve-se dizer que a hiperdulia é a espécie maior da dulia em sentido geral. Deve-se com efeito a maior reverência ao homem pela afinidade que ele tem com Deus”. Ora, quem pode ter tido mais afinidade com Deus que sua própria Mãe?

Pois bem, sabendo-se que o culto de latria é destinado somente a Deus, qualquer destinação diferente desta, isto é, a destinação do culto de latria a uma criatura qualquer é idolatria. Logo, qualquer que destine o culto de latria às imagens, que são criaturas, está cometendo erro grave de idolatria.

Ocorre porém que, excetuado o caso das imagens que representam Cristo[6], nenhum católico destina culto de latria às imagens. Pelo contrário, a honra destinada às imagens não passa de culto de dulia, pois é destinada em razão das virtudes daquele de quem elas são representações. Diz ainda Santo Tomás que o culto da religião não se dirige às imagens em si como realidades, mas as considera em seu aspecto próprio de imagens que nos conduzem ao Deus encarnado.

Portanto, é falsa a acusação de idolatria feita pelas seitas e heresias contra a Santa Igreja, porque o culto prestado às Sagradas Imagens é um culto de honra, de veneração, e não de adoração.

Mas como os protestantes não se contentam com a demonstração teológica derivada de raciocínios, faz-se necessário combate-los também no âmbito das Sagradas Escrituras.

 

II-                FUNDAMENTOS ESCRITURÍSTICOS

 

Os protestantes se apegam ao texto de Êxodo 20, 4-5, para fundamentar a sua falsa doutrina de que a veneração das sagradas imagens é idolatria. Pois o vejamos:

4. Não farás para ti escultura, nem figura alguma do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra. 5. Não te prostrarás diante delas e não lhes prestarás culto. Eu sou o Senhor, teu Deus, um Deus zeloso que vingo a iniquidade dos pais nos filhos, nos netos e nos bisnetos daqueles que me odeiam.

Uma leitura mais atenta, porém, desta passagem bíblica, nos leva a conclusão diversa da protestante. Mas antes de enunciarmos tal conclusão, vejamos o que o restante das Escrituras Sagradas nos tem a dizer sobre as imagens.

 

a) O mesmo livro do Êxodo, em seu capítulo 25, v. 17-22, quando trata da feitura da Arca da Aliança, diz que Deus mandou o seguinte a Moisés:

17 Farás também um propiciatório de ouro puro, com dois côvados e meio de comprimento e um côvado e meio de largura. Farás dois querubins de ouro, de ouro batido os farás, nas duas extremidades do propiciatório: faze-me um dos querubins numa extremidade e o outro na outra: farás os querubins formando um só corpo com o propiciatório, nas duas extremidades. 20 Os querubins terão as asas estendidas para cima e protegerão o propiciatório com suas asas, um voltado para o outro. As faces dos querubins estarão voltadas para o propiciatório. 21 Porás o propiciatório em cima da arca; e dentro dela porás o Testemunho que te darei. 22 Ali virei a ti e, de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do Testemunho, falarei contigo acerca de tudo o que eu te ordenar para os israelitas.

Querubins são anjos. Ora, se Deus ordenou que não se fizesse escultura alguma do que está em cima no céu, por que mandou a Moisés que fizesse os querubins e os colocasse na Arca? Das duas uma: ou Deus é contraditório ou a interpretação protestante é errada. Mas prossigamos.

Mais à frente no mesmo livro (cap. 36, v. 35), falando da cortina [da Habitação]:

Fez a cortina de púrpura violeta, púrpura escarlate, carmesim e linho fino retorcido. Fê-la bordada com figuras de querubins.

E no relato da feitura da Arca por Beseleel (Ex 37, 7-9):

Fez também dois querubins de ouro. De ouro batido os fez nas duas extremidades do propiciatório: um querubim numa extremidade e o outro na extremidade oposta. Ele os fez formando um só conjunto com o propiciatório em ambos os lados dele. Os querubins tinham as asas estendidas para cima e cobriam com suas asas o propiciatório. Estavam com as faces voltadas uma para a outra, olhando para o propiciatório.   


b) No 1º livro de Crônicas, Deus confia a Salomão a construção do Templo (28, 6. 10.) e Davi dá as devidas instruções a Salomão de como deveria construí-lo (28, 11 ss):

“É teu filho Salomão”, disse-me ele, “que construirá minha Casa e meus átrios [...]”. Considera, então, que Iahweh te escolheu para lhe construir uma casa para santuário [...] Deu-lhe o modelo do carro divino, dos querubins de ouro com as asas abertas cobrindo a Arca da Aliança de Iahweh, tudo isso segundo o que Iahweh tinha escrito com sua própria mão para tornar compreensível todo o trabalho cujo modelo ele dava.


c) O livro de 1Reis trata também da construção do Templo (capítulo 6) e narra descritivamente como era o Templo dedicado a Deus (7, 13-51). É de notar que novamente são citados os querubins esculpidos:

No Debir, ele fez dois querubins de oliveira selvagem de dez côvados cada um. Uma asa do querubim tinha cinco côvados e a outra asa do querubim também tinha cinco côvados, ou seja, de uma extremidade à outra das asas havia a distância de dez côvados (1Re 6, 23).

Os dois batentes eram de cipreste: um batente com dois painéis giratórios, o outro batente com dois painéis giratórios. Mandou esculpir neles querubins, palmeiras e flores, revestidos de ouro ajustado sobre a escultura (1Re 6, 35).

No capítulo 7, o primeiro livro dos Reis descreve o Mar (grande reservatório de água lustral). Segundo 1Re 7, 25, este Mar “repousava sobre doze touros, dos quais três olhavam para o norte, três para o oeste, três para o sul e três para o leste”. Tudo isso era escultura e se encontrava dentro do Templo. Ainda no mesmo capítulo encontramos:

Sobre as molduras que estavam entre as travessas havia leões, touros e querubins, e sobre as travessas havia um suporte; abaixo dos leões e dos touros havia volutas em pingentes (1Re 7, 29).

Sobre os painéis das travessas e sobre as molduras mandou gravar querubins, leões e palmas, segundo o vazio deixado, e volutas ao redor (1Re 7, 36).

E “todos esses objetos que Hiram fez para o rei Salomão, para o Templo de Iahweh, eram de bronze polido” (1 Re 7, 45).

No capítulo 8, o primeiro livro do Reis descreve a transladação da Arca da Aliança. Seguem abaixo excertos dessa descrição:

Os sacerdotes conduziram a Arca da Aliança de Iahweh ao seu lugar, ao Debir do Templo, a saber, ao Santo dos Santos, sob as asas dos querubins. Com efeito, os querubins estendiam suas asas sobre o lugar da Arca, abrigando a Arca e seus varais. Estes eram tão compridos que do Santo, diante do Debir, se podia ver sua extremidade, mas não se podiam ver de fora. Aí eles ficaram até hoje. Na Arca nada havia, exceto as duas tábuas de pedra, que Moisés, no Horeb, aí tinha colocado, quando lahweh concluiu a aliança com os israelitas, quando saíram da terra do Egito (1Re 8, 6-9).

E ao fim da construção, Deus toma posse de seu Templo, o que é descrito em 1Re 8, 10-11: “quando os sacerdotes saíram do santuário, a Nuvem encheu o Templo de Iahweh e os sacerdotes não puderam continuar sua função, por causa da Nuvem: a glória de Iahweh enchia o Templo de Iahweh!”.

Portanto, Deus não rejeitou o Templo porque nele continha “esculturas e figuras do que está em cima, nos céus, ou embaixo, sobre a terra, ou nas águas, debaixo da terra”. Pelo contrário, Deus nele habitou. Vejam bem, senhores protestantes!

 

d) Nos capítulos 3 a 5 do segundo livro de Crônicas, estão descritos a construção do Templo e a transladação da Arca da Aliança. Para que não fique repetitivo, remeteremos o leitor às partes mais importantes ao assunto que nos interessa:

2Crônicas 3, 7 (trata de esculturas de querubins nas paredes do Templo); 3, 10 (feitura de dois querubins de metal, revestidos de ouro, na sala do Santo dos Santos, cujas asas tinham vinte côvados – cerca de 9m - de comprimento); 3, 14 (novamente a Cortina, bordada com figuras de querubins); 4, 4 (trata de doze bois esculpidos, sobre os quais ficava o Mar). Há ainda vários objetos esculpidos. Basta uma leitura atenta do capítulo para percebê-los.

 

e) Ainda quanto ao Templo e o que nele se continha, Ezequiel, após receber uma visão, descreve como deveria ser o futuro Templo (Ez 40, 1 ss). E mesmo Ezequiel condenando veementemente a idolatria, descreveu um Templo no qual havia querubins esculpidos e cada querubim tinha duas faces, uma de homem e outra de leão (41, 18-19. 25).

Qual seria a reação de um protestante ao entrar no Templo do Senhor?

 

f) No livro de Números, capítulo 21, versículos de 7 a 9, Deus manda a Moisés que faça uma serpente de bronze:

Veio o povo dizer a Moisés: “Pecamos ao falarmos contra Iahweh e contra ti. Intercedei junto a Iahweh para que afaste de nós estas serpentes”. Moisés intercedeu pelo povo e Iahweh respondeu-lhe: “Faze uma serpente abrasadora e coloca-a em uma haste. Todo aquele que for mordido e a contemplar viverá”. Moisés, portanto, fez uma serpente de bronze e a colocou em uma haste; se alguém era mordido por uma serpente, contemplava a serpente de bronze e vivia.

Este milagre de cura se fazia não por virtude da serpente, mas por virtude de Deus. Isto é confirmado pelo livro da Sabedoria (16, 5-8):

Mesmo quando lhes sobreveio a terrível fúria das feras e pereciam mordidos por serpentes tortuosas, tua cólera não durou até o fim; para que se advertissem, foram assustados um pouco, mas tinham um sinal de salvação para lhes recordar o mandamento da tua Lei, e quem se voltava para ele era salvo, não em virtude do que via, mas graças a ti, o Salvador de todos! Assim convenceste nossos inimigos de que és tu quem livra de todo mal.

Do mesmo modo, nenhum católico acredita que uma imagem é milagrosa por si, mas sabe que os milagres realizados por meio de imagens só o são em virtude do poder de Deus. Seria de uma ingenuidade tremenda crer que um objeto inanimado tem poder para fazer o que quer que seja. Mesmo as senhorinhas piedosas, que não têm nenhum conhecimento teológico, não creem nisso.

Pois bem, mas quando o povo começou a render um culto de latria à serpente, por influência do paganismo, pondo-a em lugar de Deus, Ezequias a destruiu, conforme se narra em 2Re 18, 4:

Foi ele [Ezequias] que aboliu os lugares altos, quebrou as estelas, cortou o poste sagrado e reduziu a pedaços a serpente de bronze que Moisés havia feito, pois os israelitas até então ofereciam-lhe incenso; chamavam-na Noestã.

E aqui se percebe claramente a diferença entre um culto de dulia, de respeito, de honra e um culto de latria. Quando o povo olhava para a serpente de bronze após ser picado, não estava adorando-a, mas apenas prestando reverência a ela, uma vez que Deus mesmo foi quem mandou fazê-la. Mas quando passaram a adorá-la, pondo-a em lugar de Deus, logo foi destruída.

Por fim, Nosso Senhor Jesus Cristo também se referiu à serpente de bronze, dizendo o seguinte: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que crer tenha nele vida eterna” (Jo 3, 14-15). Portanto, a serpente de bronze era figura de Cristo, que foi levantado no madeiro da Cruz[7].

Há ainda outros textos das Sagradas Escrituras que se referem a imagens, mas julgamos suficiente o dito até aqui. Ademais, fazendo justiça, não são todos os protestantes que erram neste assunto; Veja-se, por exemplo, o escrito aqui.

Por todo o dito, fica claro que a interpretação de Ex 20, 4-5 feita pelos amigos protestantes é totalmente equivocada. Com Santo Tomás[8]

[...] deve-se dizer que no preceito mencionado não se proíbe fazer qualquer tipo de escultura ou de imagem, mas de fazê-las para adorá-las. Por isso acrescenta o livro do Êxodo: "Não as adorarás nem lhes prestarás culto". [...] Entende-se, assim, que a adoração proibida é a das imagens que faziam os pagãos para adorar os seus deuses, isto é, os demônios; daí a advertência que precede: "Não terás deuses estrangeiros diante de mim".

O mandamento proíbe a confecção de ídolos, isto é, esculturas, imagens ou representações de deuses pagãos, tais como o deus Sol, a deusa Lua, Vênus, Saturno, etc. (“o que está em cima, nos céus”); a deusa Mãe Terra, o bezerro de ouro, etc. (“ou embaixo, sobre a terra”); Enki, Oxum, Poseidon, etc. (“ou nas águas, debaixo da terra”). 

Veja-se, por exemplo, o que diz Moisés no Deuteronômio 4, 15-20; 23-24:

Vós não vistes figura alguma no dia em que o Senhor vos falou sobre o Horeb do meio do fogo. Acautelai, pois, as vossas almas, não suceda que, enganados, façais para vós alguma imagem esculpida, quer seja figura de homem quer de mulher, ou representação de qualquer animal que há sobre a terra, ou das aves, que voam debaixo do céu, ou dos répteis que se movem sobre a terra, ou dos peixes que vivem nas águas, debaixo da terra; não suceda que, levantando os olhos ao céu, e vendo o sol, a lua, e todas as estrelas do céu, caiais em erro, adorando e prestando culto a essas coisas que o Senhor teu Deus criou para servir a todas as gentes, que estão debaixo do céu. O Senhor tomou-vos, e tirou-vos da fornalha férrea do Egipto, para serdes o povo da sua herança, como sois hoje. [...] não faças nenhuma representação esculpida daquelas coisas, que o Senhor proibiu fazer, porque o Senhor teu Deus é um fogo devorador, um Deus zeloso.

Isto mostra que a proibição claramente se refere à confecção de imagens de outros deuses (ídolos). Não proíbe a confecção de Imagens Sagradas, pois o próprio Deus as mandou fazer (vide os querubins) e Ele não é contraditório.


Santo Antônio de Pádua, rogai a Deus para que os hereges se convertam à verdadeira Igreja!


Escrito por Willian Mitre.



[1] Denzinger, nº 600, edição de 2005.

[2] São Pio X, Catecismo Maior, terceira parte, nº 129.

[3] Tomás de Aquino, Suma Teológica, II-II, q. 81, a. 1, ad. 4.

[4] Tomás de Aquino, Suma Teológica, II-II, q. 103, a. 1.

[5] Tomás de Aquino, Suma Teológica, II-II, q. 103, a. 4, ad. 2.

[6] Serão tratados em postagens futuras este caso [aqui] e o caso especial da adoração da Santa Cruz [aqui].

[7] Quanto à adoração da Santa Cruz, repita-se, será publicada aqui neste espaço uma questão disputada de Santo Tomás que esclarece o assunto.

[8] Tomás de Aquino, Suma Teológica, III, q. 25, art. 3, ad. 1.

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