O BATISMO
A 17ª objeção é fenomenal e contradiz a própria doutrina e o
próprio uso protestantes. Desta vez, o protestante protesta contra si mesmo,
contra Lutero e contra inúmeras seitas protestantes.
Protesta porque a Igreja Católica afirma que o pecado
original existe, e que é remitido pelo batismo.
Basta esta afirmação para o nosso protestante exigir: Um texto que prove que o batismo lava o
pecado original, nos faz cristãos, filhos de Deus, herdeiros do reino de Deus.
Vamos, de novo, satisfazer as exigências do nosso amigo
crente.
I.
Sacramento
e lei
O batismo é um sacramento do Novo Testamento, instituído por
Jesus cristo, para apagar o pecado original.
Jesus disse: Se alguém
não for regenerado pela água e o Espírito Santo, não poderá entrar no reino de
Deus (Jo 3, 5).
Esta regeneração é o batismo. Conforme as palavras do
Salvador, a salvação é impossível sem o batismo.
Além de o batismo ser absolutamente necessário, há também
uma lei que obriga a recebê-lo. As próprias palavras da promulgação o afirmam: Ide, ensinai a todas as nações, batizando-as
em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 19).
Até aqui o amigo protestante deve estar de acordo conosco.
Tiremos disso uma conclusão lógica: Jesus Cristo nada fez de inútil, tudo o que
fez e disse tem uma razão de ser.
Se, pois, ele exige tão rigorosamente a recepção do batismo,
é porque o batismo serve para qualquer coisa, produz um efeito que só ele pode
produzir. E qual é este efeito?
II.
Efeitos
do batismo
É a Sagrada Escritura que no-los vai indicar claramente: Aquele que crer e for batizado será salvo, diz
o próprio Jesus Cristo (Mc 16, 16).
Eis já o que é claro e positivo: A fé e o batismo são as
bases da nossa salvação.
Ora, para ter precisão de salvação, é preciso estar perdido;
são dois termos correlativos: um supõe o outro. O homem estava, pois, perdido.
Como? Pelo pecado original transmitido por Adão e Eva a todos os seus
descendentes.
Isto é provado claramente pelo testemunho do apóstolo: Por um homem só entrou o pecado no mundo, e
pelo pecado a morte; assim também a morte passou a todos os homens, por isso
todos pecaram num só (Rom. 5, 12).
Eis o que é bem claro. Antes do Apóstolo, o santo rei David
já tinha dito a mesma verdade: Fui gerado
na iniquidade, e minha mãe concebeu-me no pecado (Sl 50, 7).
Eis, pois, duas verdades bem provadas: O pecado original foi
cometido pelos nossos primeiros pais.
Este pecado é transmitido a todas as
gerações humanas, sendo assim um pecado universal.
Procuremos agora um remédio para este mal. É S. Pedro que
no-lo ensina: Fazei penitência e cada um
de vós se faça batizar em nome de Jesus cristo, para a remissão dos seus
pecados (At 2, 38). O batismo é pois um meio
de remir os pecados.
E quais são estes pecados? O batismo pode ser recebido em
qualquer idade. A criança, não sabendo distinguir entre o bem e o mal, é
incapaz de cometer pecados. Deve pois existir qualquer pecado que não seja
cometido pessoalmente por nós, mas é
transmitido pela geração. Tal pecado é o pecado original.
S. Paulo dissipa as últimas dúvidas e, num rasgo sublime,
projeta sobre o batismo uma luz toda divina.
Escute estas passagens, caro protestante: Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado,
para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado,
como vivemos ainda nele? Ou não sabes que todos quantos fomos batizados em
Jesus Cristo, fomos batizados em sua morte? De modo que estamos sepultados com
ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, pela
glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos
plantados juntamente com ele, na semelhança da sua morte, também o seremos na
da sua ressurreição (Rom 6, 1-6).
Que sublime página de teologia sobre os efeitos do batismo! Se os amigos protestantes soubessem compreender
um pouco a Bíblia, ficariam envergonhados das ineptas objeções que levantam.
S. Paulo dá a resposta completa à objeção protestante e
prova a exposição católica que afirma que o batismo:
a) Lava do pecado
original,
b) nos faz filhos
de Deus,
c) herdeiros do
céu.
Somos batizados na
morte de Jesus Cristo, diz S. Paulo. Ora, esta morte é a destruição do
pecado. Não havendo pecado em nós, tornamo-nos filhos de Deus, ressuscitados da morte do pecado, como Cristo
ressuscitou da morte do túmulo.
Semelhantes a Cristo pelo batismo, ressuscitados como ele,
tornamo-nos participantes da glória do céu.
Somos herdeiros de
Deus e co-herdeiros de Jesus Cristo, diz S. Paulo (Rom 8, 17). Ora, esta
herança é a graça na terra e a glória no céu.
Justificados pela
graça, diz ainda o Apóstolo, seremos
herdeiros segundo a esperança da vida eterna (Tito 3, 7).
III.
Conclusão
Concluamos, mostrando aos pobres protestantes como eles são
ilógicos, e como estão em contradição com a Bíblia e com os seus próprios
costumes.
Os protestantes administram o batismo para os seus adeptos
e, entretanto, não acreditam no batismo. Fazem objeção contra o batismo e o
conservam como obrigatório, para ser cristão, e até para ser protestante. De
outro lado, sendo consequentes, não deveriam admitir o batismo. É um princípio
por eles admitido que ninguém pode ser
justificado sem um ato de fé em Jesus Cristo. Ora, as crianças não são
capazes de fazer este ato. Logo, o batismo das crianças é inútil.
Outro argumento contra eles: É também um princípio
protestante que nada se deve fazer que
não seja autorizado por um exemplo tirado da Bíblia. Ora, não há nela
nenhum exemplo de batismo de criança. Logo, os protestantes deviam rejeitar o
batismo das crianças, como contrário à Bíblia.
Até a Escritura pode ser interpretada como favorável ao
batismo das pessoas adultas, antes que das crianças. Aquele que crer e for batizado será salvo (Mc 16, 16).
A Igreja Católica manda batizar as crianças, não por
indicação da bíblia, mas pela interpretação do texto sagrado, pela tradição
constante dos séculos, desde os apóstolos até hoje.
Eis umas citações antiguíssimas a esse respeito:
Dionísio Areopagita,
do século II, diz: “É uma tradição que nos vem dos apóstolos, que as crianças
devem ser batizadas” (Eccl. Hier., cult.).
S. Ireneu, também
do século II, diz: “Todos aqueles que são regenerados em Jesus Cristo, isto é,
crianças, jovens, velhos, serão salvos” (Sup. S. Luc.).
Orígenes repete a
mesma verdade. É na Igreja uma tradição,
provinda dos apóstolos, dar o batismo às crianças (Leb. 5, c. 6).
S. Cipriano, ainda
no mesmo século, escreve: “Parece-me bem
e a todo o concílio que as crianças sejam batizadas, mesmo antes de oito dias”
(Lev. 3, ep. Ad. Fidum).
Eis testemunhos autênticos dos primeiros séculos, atestando
sempre ter sido uso na Igreja batizar as
crianças.
Eis como cai a objeção protestante e vira contra eles,
mostrando como estão em contradição consigo mesmos: fazendo o que não acreditam
e acreditando o que não fazem. No primeiro caso, não deviam batizar as crianças
como fazem. No segundo, não podiam atacar o batismo, nem pedir textos para
provar que o batismo apaga o pecado original e nos faz filhos de Deus.
É a eterna mania de protestar... até contra eles mesmos!
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