sábado, 26 de março de 2022

SOBRE A EXTREMA-UNÇÃO, CONTRA OS PROTESTANTES

 



A primeira parte é retirada do livro Objeções e erros protestantes, do Pe. Júlio Maria de Lombaerde, e se destina, como há de se esperar, aos hereges que protestam contra a Igreja de Cristo.

 

A segunda parte é retirada dos Catecismos de São Pio X (o maior e o menor) e destina-se aos Católicos, para que estejamos “sempre prontos para responder a todo o que vos pedir razão daquela esperança que há em vós” (1Pedro 3, 15).

 

1ª. PARTE

 

Um texto de São Tiago

A EXTREMA-UNÇÃO

 

Um protestante pergunta:

Como se entende Tiago 5:14,15, em conexão com Rom. 14:12?

O jornal Baptista responde:

“Não podemos atinar com a conexão que o consulente achou entre estes dois textos tão diferentes. O primeiro aconselha um modo de proceder, no caso de algum irmão ficar doente, que é o recurso da oração e da medicina (o azeite era de largo emprego medicinal naquele tempo); o segundo ensina a responsabilidade individual de cada um perante Deus. Só se o consulente atribui aos anciãos uma função sacerdotal, como a igreja católica atribui aos seus padres, com poderes de perdoar os pecados aos moribundos, pelo rito que ela chama de extrema unção. A igreja Católica ensina isso, mas não Tiago. Ele não atribui aos anciãos poder algum de perdoar pecados”.

Tal é a resposta protestante. Vê-se, à primeira leitura, que o Pastor está atrapalhado, pois, em vez de dar a resposta à pergunta, vira logo contra a Igreja Católica, acusando-a de exercer poder que não possui. Ora, a pergunta não é essa. O consulente quer saber da conexão entre estes dois textos, e não o que ensinam os Católicos.

Procuremos elucidar bem o caso e explicar o que o Pastor não soube, ou não quis explicar, pondo tudo em plena luz.

Eis os dois textos aludidos.

A passagem de São Tiago é:

Há algum doente entre vós? Chame os Sacerdotes da Igreja, os quais orarão por ele e o ungirão com óleo, em nome do Senhor. E a oração cheia de fé salvará o doente; e o Senhor o aliviará; e, se tiver cometido pecados, ser-lhes-ão perdoados (Tiago 5:14,15)”.

A de S. Paulo é a seguinte:

Portanto cada um de nós de si dará conta a Deus (Rom. 14:12)”.

 

I.                   Falsificação protestante

 

Convém revelar, em primeiro, a falsificação da tradução protestante, que diz:

Está alguém entre vós doente? Chame os anciões da igreja”.

Porque anciões para friccionarem com óleo um doente? Uma pessoa qualquer não será capaz de fazer isto? Que virtude especial terão as mãos de um ancião para ungir, ou friccionar um doente com azeite? Porque não fazer isso em família?

É um contra bom senso, desde que tal unção não passa de uma cerimônia exterior, uma espécie de remédio.

Os bons dos protestantes, que acreditam o que lhes conta a tradução falsa da Bíblia, devem ficar rindo de tais anciões da igreja, encarregados de friccionar, com óleo, os seus doentes.

E isto é tão certo que nem os protestantes pedem isso a seus pastores, nem os Senhores pastores fazem a tal cerimônia de fricção ou unção.

É letra morta... e, entretanto, está na Bíblia.

Vê-se logo que aqui há uma falsificação.

 

II.                A Verdade Católica

 

De fato, a falsificação existe. O texto autêntico não fala em anciões da igreja, mas sim de Sacerdotes da Igreja, o que não é a mesma coisa.

Os amigos protestantes, não tendo Sacerdotes, para justificarem a sua heresia, trocaram mui inocentemente ou mui perversamente a palavra Sacerdote por ancião; apesar da completa distinção entre estas duas pessoas.

O texto traz presbyter, o que quer dizer: Sacerdote ou Padre, e não Senex, que significa ancião; como se pode constatar em muitas passagens da Bíblia.

S. Mateus diz, por exemplo, “que o Cristo havia de sofrer muito dos anciões, dos escribas e dos príncipes dos Sacerdotes (Mat. XVI, 21)”.

O texto latino é: et multa pati a SENIORIBUS, et scribis et principibus SACERDOTUM.

Está-se vendo que os anciões estão realmente distintos dos Sacerdotes; o próprio Evangelho faz a distinção.

Como é que os protestantes traduzem, nesta passagem de S. Mateus, príncipes dos Sacerdotes, e não dos anciões, e que em outra parte traduzem sacerdote por ancião!

Há aqui um erro voluntário... em outras palavras, uma falsificação de herege.

Há muitas outras provas de falsificação igual a estas. [Veja] O meu Amigo consulente, por exemplo, Tim. V. 17 “Os Sacerdotes, que governam bem, tem direito à dupla honra, mormente os que labutam na pregação e no ensino”.

E no versículo 19: “Contra o Sacerdote não receberás acusação, senão com duas ou três testemunhas, etc., etc.”.

Nestas passagens a Bíblia emprega a palavra “Presbyter” e quando se trata do povo, dos chefes do povo, juízes, etc., emprega a palavra “Senex”, ancião. São, pois, duas coisas bem distintas e inconfundíveis, que o herege confunde e mistura, no triste afã de suprimir o Sacerdote e de fazer acreditar que qualquer ancião pode exercer este ofício.

É simplesmente grotesco; ou, pela falta de lógica, ou então pela ignorância.

Se assim fosse, como dizem os Protestantes, um homem só poderia ser Pastor depois de ter cabelos brancos, depois de ser ancião, ora, veem-se Pastores e Pastoras de 18, 20 e 30 anos, quase criançolas, que não têm nada de ancião!

Suprimindo os Sacerdotes, tais pastores são completamente contrários à Bíblia.

Pobres de pastores... Como sair deste labirinto? Sacerdotes, não o são; anciões, também não o são. Que são eles, então?

Nada... Simples intrusos que se outorgam títulos, poderes e encargos que absolutamente não têm, nem podem ter.

 

III.             A Extrema-Unção

 

Pela lógica das palavras e dos fatos, estamos aqui diante de uma instituição divina, que convém esclarecer bem, para assim constatar as falsificações protestantes e o ridículo das suas pessoais interpretações da Bíblia.

Tal instituição divina é o que a Igreja Católica chama a “Extrema-Unção”. É um Sacramento e não simplesmente uma fricção com óleo, feita por qualquer ancião ou velho.

Chama-se Sacramento, meu caro protestante, um sinal sensível, instituído por Jesus Cristo para nos conferir graça.

Três coisas a notar nesta definição:

Um sinal sensível: A unção com óleo sobre o doente e a oração apropriada. – “Eles orarão sobre ele e o ungirão com óleo, em nome do Senhor” (Tiago V, 14);

Instituído por Jesus Cristo: E a palavra da Bíblia ou do Espírito Santo: “Se alguém estiver doente, chame os Sacerdotes da Igreja” (Tiago V, 14). Obrigação, pois, na moléstia, de chamar o Padre e de ser ungido;

Para conferir a graça: “E o Senhor o livrará; e, se tiver cometido pecados, ser-lhes-ão perdoados” (Tiago V, 15).

Tal Unção, feita pelo Sacerdote, produz, conforme o texto da Bíblia, duplo efeito: alivia o corpo e perdoa os pecados.

Tudo isso é claro, é irrefutável. Tal Unção, dada pelos Padres, na enfermidade, na extremidade da vida, chame-se “Extrema-Unção”.

Para poderem negar este Sacramento e protestarem contra a Igreja Católica, os amigos protestantes recorrem ao meio sacrílego - aliás o único que podia dar-lhes razão -, trocarem as palavras, substituírem o Padre por qualquer ancião ou velho, para fazerem de um Sacramento uma simples fricção de óleo, feita por um velho, seja ele como for!

É ridículo, e só um tolo pode deixar-se iludir a tal ponto.

 

IV.             Confirmação pelos Apóstolos

 

Tal passagem não precisa de comentário; ela se explica e se comenta pela lucidez e o vigor da expressão. A vida dos Apóstolos nos dá muitas provas de que é este o verdadeiro e único sentido.

Leia-se o que diz S. Marcos, por exemplo (Marcos VI, 13):

Os apóstolos pregavam aos povos que fizessem penitência e expeliam muitos demônios, e ungiam, com óleo, a muitos enfermos e os curavam”.

Que quer dizer isto?

Serão os Apóstolos uns simples curandeiros, que andam friccionando os enfermos, com óleo, para curá-los?

Por que os Pastores não os imitam? A exemplo dos Apóstolos podiam também friccionar os doentes, enquanto lhes impingiriam algumas Bíblias falsas. O preço da Bíblia compensaria o trabalho da fricção de óleo!

Como tudo isto é ridículo!

Nesta passagem vê-se, claramente, que os Apóstolos, que eram Sacerdotes e não anciões simplesmente (S. João não era ainda) pregavam o Evangelho e administravam o Sacramento da Extrema-Unção, como em outros lugares administravam o Sacramento da Confirmação, pela imposição das mãos (At XIX, 5-6 e VIII, 14 a 17, etc.).

E a Extrema-Unção, administrada pelos Apóstolos, produzia os efeitos assinalados por S. Tiago.

 

V.                Conclusão

 

A conclusão impõe-se com todo o rigor do raciocínio.

Os amigos protestantes, como os Católicos, consideram S. Tiago como um apóstolo inspirado. Poderão eles imaginar que o Apóstolo tenha falado de um rito, pelo qual o homem é salvo, aliviado e os seus pecados são perdoados, se não o considerasse uma instituição divina, estabelecida e autorizada pelo seu divino Mestre?

Está, pois, bem provada a interpretação católica das palavras de S. Tiago, que indicam:

1º. – Os Sacerdotes (Padres), e não os anciões, recebem ordem de dar a Unção aos enfermos;

2º. – Todos os enfermos devem receber a Extrema-Unção (S. Marcos mostra que a recebiam no seu tempo);

3º. – A Extrema-Unção tem por fim aliviar o corpo e salvar a alma, apagando os pecados.

Ora, só Deus pode perdoar os pecados, e só Ele pode dar a um meio material o poder de produzir tal efeito – o que prova que a Extrema-Unção é de instituição divina.

Qual é, agora, a conexão entre os textos de S. Tiago e de S. Paulo?

 A conexão natural e lógica é que um enfermo deve mandar chamar o Sacerdote para receber a Extrema-Unção, e não o fazendo, rejeita os meios de salvação, estabelecidos por Deus, sem poder confiar nos outros, pois, diz S. Paulo: “Cada um de nós, de si, dará conta a Deus” (Rom. 14:12).

Há, pois, uma conexão natural.

Façamos o que Deus manda e não confiemos a nossa salvação nas promessas dos outros, e, menos ainda, na interpretação falsa dos textos da Bíblia.

 

2ª. PARTE

 

·          Que é o Sacramento da Extrema-Unção?

A Extrema-Unção é o Sacramento instituído para alívio espiritual e também temporal dos enfermos em perigo de vida.

 

·         Quem é o ministro da Extrema-Unção?

O ministro da Extrema-Unção é o sacerdote pároco, ou outro sacerdote que tenha sua permissão.

 

·         Como o sacerdote administra a Extrema-Unção?

O sacerdote administra a Extrema-Unção ungindo em forma de cruz, com o óleo benzido pelo Bispo, os órgãos dos sentidos dos enfermos dizendo: "Por esta santa Unção e por Sua piíssima misericórdia, o Senhor te perdoe tudo o que de mal fizeste com os olhos, com os ouvidos, etc. Amém."

 

·         Que efeitos produz o Sacramento da Extrema-Unção?

O Sacramento da Extrema-Unção produz os seguintes efeitos: 1.º aumenta a graça santificante; 2.° apaga os pecados veniais e também os mortais que o enfermo arrependido já não possa confessar; 3.º tira a fraqueza e languidez para o bem, que permanecem ainda depois de se ter alcançado o perdão dos pecados; 4.° dá força para suportar pacientemente o mal, para resistir às tentações, e para morrer santamente; 5.º ajuda a recuperar a saúde do corpo, se isso for útil à salvação da alma.

 

·         Em que tempo se deve receber a Extrema-Unção?

A Extrema-Unção deve receber-se quando a doença é grave, e, se possível, depois de o enfermo ter recebido os Sacramentos da Penitência e da Eucaristia; e deve procurar-se que o enfermo a receba quando está ainda com plena consciência e com alguma esperança de vida.

 

·         Por que é bom que o enfermo receba a Extrema-Unção quando está ainda em plena consciência e com alguma esperança de vida?

É bom receber a Extrema-Unção quando o enfermo está ainda com plena consciência e com alguma esperança de vida por que, recebendo-a com melhores disposições, poderá obter maior proveito; e, além disso, como este Sacramento dá a saúde do corpo, se convém à alma, auxiliando assim as forças da natureza, não se deve estar à espera de que se desespere da cura.

 

·         Com que disposições se deve receber a Extrema-Unção?

As principais disposições para receber a Extrema-Unção são: estar em estado de graça, confiar na eficácia do Sacramento e na misericórdia divina, e resignar-se à vontade de Deus.

 

·   Que sentimento deve experimentar o enfermo à vista do Sacerdote?

À vista do Sacerdote, o enfermo deve experimentar sentimentos de gratidão para com Deus por lho ter enviado, deve recebê-lo de boa vontade, e, se puder, pedir para si mesmo os confortos da Religião.

 

 

Santo Antônio de Pádua, Martelo dos hereges, rogai por nós!

Servo de Deus, Pe. Julio Maria de Lombaerde, Martelo da heresia no Brasil, intercedei por nós!

Um comentário:

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