quinta-feira, 31 de março de 2022

O "BIBLE-BALL" PROTESTANTE: BRIGA DE COMPADRES

 


 

O protestantismo é um verdadeiro clube de divertimento e de briga. Existe hoje o foot-ball, basket-ball, volley-ball, etc. Existe também o bible-ball, isto é, a bíblia feita bola (bible: bíblia) nas mãos dos protestantes, para se divertirem e brigarem uns com os outros.

 

I. Saúde e moléstias

 

Cada seita protestante é necessariamente inimiga da Igreja católica, como o erro é inimigo da verdade. Mas o que é pior para os protestantes, é que cada seita é inimiga de outras - combatem-se, odeiam-se, insultam-se, mordem-se, até não poder mais.

É briga de compadres. Se a Igreja interviesse na briga, ah!... então todas se uniriam por política; dar-se iam dois dedos - não a mão inteira, para atacar o inimigo comum.

Isto é natural: A verdade é uma só, os erros são muitos; e todos os erros são opostos à verdade, absolutamente, como a saúde é uma só, e as moléstias são muitas, todas opostas a esta saúde.

Quando um cristão cai doente, as moléstias unem-se para combater-lhe a saúde e tirar-lhe a vida. Uma moléstia é, muitas vezes, oposta à outra; combatem-se até, mas para perturbarem a saúde única, todas combinam admiravelmente e formam um exército, que, muitas vezes, dá cabo da ciência, da boa vontade e dos esforços dos médicos mais afamados.

O protestantismo não é uma religião; é uma negação da religião, como a doença é uma negação da saúde.

O protestantismo é uma moléstia; cada seita é uma doença; e do mesmo modo que há muitas moléstias para destruir uma única saúde, assim também há muitas seitas protestantes para atacar a única verdade católica.

Esta noção, muito exata, explica como as seitas vão se multiplicando ao infinito.

Cada dia vemos surgir uma nova, como na medicina, cada ano, vemos surgirem novas moléstias; praticamente são as mesmas, mas dá-se-lhe um nome novo, uma túnica nova... prescreve-se um remédio novo e pronto: isto chama-se o progresso.

Os antigos diziam que alguém sofria do peito; os sucessores diziam que era tuberculose; os modernos dizem que é tísica; amanhã dirão que é desagregação pulmonar.

Antigamente falava-se em febre cerebral: hoje é meningite; - outrora sangrava-se do nariz: hoje a gente tem uma epistaxe; a doença de olhos virou oftalmia, a dos rins, lumbago; os humores frios, escrófulos; e catarro, coriza.

É a lei do progresso, em nome, pelo menos.

Outrora o inimigo de religião era ímpio, ateu, herege; hoje chama-se protestante, socialista, bolchevista, comunista, etc. Não passam de protestantes: todos eles, tais as moléstias que atacam a saúde, são erros que protestam contra a verdade única: são protestantes.

E estes protestantes, conforme o erro mais saliente, tomam nomes diferentes, como a moléstia, conforme o modo com que ataca um órgão, toma nomes diferentes.

O estômago é um só, porém, conforme o mal que o perturba, a sua moléstia é gastrite, gastralgia, indigestão, embaraço gástrico, hematêmese, câncer, etc.

Os pulmões são um único órgão, entretanto, o mal que os ataca pode ser bronquite, pneumonia, pleurisia, tísica, congestão pulmonar, hemoptise, enfisema, asma, coqueluche, etc.

Assim acontece com o protestantismo. É a negação do catolicismo, como a moléstia é a negação da saúde. A Igreja católica é uma só, como a saúde é uma só. A grande moléstia, conforme o órgão, ou a verdade católica, que ataca, torna-se batistas, evangelistas, presbiterianos, metodistas, sabatistas, adventistas, etc., etc. É todo um só, no fundo, porém um ataca o batismo, outro, o domingo, outro, a eucaristia, outro, o papa, outro, as boas obras e assim por diante.

São moléstias, filhas da grande moléstia protestante, tendo todas um único fim: destruir a saúde ou a verdade.

Pouco importa o nome: é uma moléstia, basta. Toda moléstia é ruim e arruína a saúde.

 

II. Briga de compadres

 

Mas é tempo de assistirmos, por uns instantes, a uma briga entre os presbiterianos e batistas. As duas seitas estão em "campo". É interessante a briga dos dois compadres.

Escutem lá o resumo da briga feito por um protestante "ex-presbiteriano, e hoje batista" do partido do bible-ball.

O documento foi-me enviado por um católico. Escutem isto: "A igreja batista teve que passar, apesar de professar ter unicamente a bíblia como plena regra de fé, e não ensinar doutrinas contrárias, repito, teve que passar por duros e desconsoladores embaraços, quando, no ano de 1925, a igreja presbiteriana, pelo seu órgão oficial "O Puritano", de 7 de Maio de 1925, respondeu a um ataque feito pelo jornal batista contra um dos seus ensinamentos e desafiou, ao mesmo tempo, a igreja batista, pela maneira seguinte: "Nosso colega, "O Jornal Batista", há poucos dias... deixou entrever o desejo de dar a esplêndida quantia de mil contos de réis por um só caso de batismo de criança que fosse achado no novo testamento, de modo positivo"...

"Se, pelo fato de não termos na Bíblia uma prova absoluta para o batismo infantil, isto tira o valor da doutrina, diga-nos aqui à puridade o bom do jornal “em que fica o colega com a guarda do domingo e não do sábado?" Pode o colega mostrar no novo testamento ou em qualquer parte da bíblia, de modo positivo, um mandamento para a guarda do domingo? Damos dois mil contos de réis ao colega se no-lo apresentar".

Quanto à prova do batismo infantil, a igreja presbiteriana não recebeu o prêmio oferecido de mil contos de réis porque não conseguiu mostrar um só caso, dentro da Bíblia, de batismo de crianças.

E os batistas não receberam, tampouco, os dois mil contos de réis oferecidos, porque não puderam e não podem achar, em nenhuma parte da Bíblia, que o domingo haja sido guardado por qualquer servo de Deus, na velha dispensação; e, na nova, por Jesus ou qualquer dos discípulos e apóstolos, antes ou depois da morte e ressurreição do grande Mestre e Salvador".

 

III. 3.000 contos de prêmio

 

Esta gente protestante possui rios de dinheiro! Os batistas prometem 1.000 contos aos presbiterianos se estes últimos provarem, pela bíblia, que uma criança pode ser batizada.

Os presbiterianos, mais ricos ainda, prometem 2.000 contos aos batistas, se eles provarem, pela bíblia, que o sábado não é o dia do Senhor.

O caso é sério! É capaz de fazer lamber os beiços a qualquer faminto. Verdade é que muito pobre é quem não pode prometer. Eu também vou fazer um repto aos batistas e presbiterianos, prometendo-lhes o prêmio de 3.000 contos. Prometer não custa nada, como eles fazem.

E para ganhar estes 3.000 contos, não é preciso ser muito sagaz, nem exegeta. Eu quero, apenas, que me provem, pela Bíblia, que a gente pode raspar a barba, porque leio no Levítico (21, 5): "Não farão calva a sua cabeça e não rasparão a ponta de sua barba, nem darão golpes em sua carne".

Isto é claro e positivo. Entretanto, vejo os pastores protestantes, que deviam ser os sucessores dos levitas da Bíblia, andarem uns calvos, outros acalvados, outros de barba raspada, empoados, perfumados, e até com golpes de navalha na carne, o que é absolutamente proibido.

Eu acho que os bons e verdadeiros biblistas, como eu, deviam deixar crescer a barba e o cabelo, e interdizer-se o uso de navalha. Isso, sim, é que é bíblico.

Peço aos dois compadres brigadores examinarem bem as Escrituras e citar-me o texto que retrata esta ordem do Levítico, de não cortar a ponta da barba.

Eu ofereço um prêmio de 3.000 contos. Vamos lá, caros amigos, neste tempo de crise, por 3.000 contos, vale a pena gastar os dedos, saliva e uma bíblia, para descobrir o passo pedido. 3.000 contos para os batistas e os presbiterianos.

Estes 3.000 contos serão pagos imediatamente pelos 1.000 contos dos batistas e os 2.000 dos presbiterianos, que eu vou ganhar, provando-lhes que ambos têm razão, um contra o outro, como uma moléstia tem razão contra a outra; mas, que ambos andam errados em relação à saúde ou à verdade.

É como se os pulmões exigissem do estômago a prova de que eles não têm razão de ser tísicos; e o estômago de provar, pela Bíblia, que eles não têm razão de ter uma gastrite.

Ambos têm o mesmo direito, ambos matam o homem. Ambos os protestantes têm também razão, mas matam a verdade.

 

IV. 1.000 contos dos batistas

 

Os batistas querem uma prova de que se devem batizar as crianças? Sim; eu também quero uma prova de que se pode cortar a ponta da barba.

Mas toda questão tem um lado positivo e outro negativo.

Não há, na Bíblia, um texto positivo; mas não haverá textos negativos? Se não há uma ordem, não há também uma proibição.

Ora, in dubiis libertas, dizem os teólogos. Não há ordem de fazer; não há proibição; podemos e devemos agir neste caso como prescreve a autoridade legítima.

Os batistas têm razão: porque não há também proibição.

Ide, ensinai a todas as nações, diz Cristo, batizando-as em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 19).

As crianças não pertencem então à raça humana? Não são uma parte das nações? Se o são, podem e devem ser batizadas.

A Igreja católica, intérprete fiel da Bíblia e das tradições dos primeiros séculos, adotou o batismo das crianças. Eis por que os batistas, como bons protestantes que são, rejeitam-no.

Escute Dionísio Areopagita (do século II): É uma tradição que vem dos apóstolos, que as crianças devem ser batizadas (Eccl. Hier. cult.).

Santo Irineu (do século II), diz também: Todos aqueles que são regenerados em Jesus Cristo, isto é: crianças, jovens, velhos, serão salvos (Sup. S. Lucas).

São Cipriano (do século III), escreve por sua vez: Parece-me bem e a todo o concilio, que as crianças sejam batizadas mesmo antes de oito dias (lev. III epist. Ad. fid.).

Tradições do século II, tão perto dos apóstolos, são argumentos suficientes para resolver uma dúvida doutrinal.

Nenhuma prescrição positiva e nenhuma proibição existe. É preciso, pois, recorrer à história e às tradições dos primeiros séculos para ver o sentido das palavras batizar, todas as nações. É o que a Igreja católica faz e pratica.

Quem tem razão? A Igreja católica só. Dê-me cá os 1.000 contos, caro batista, para pagar àquele que encontrar o texto pedido, que me dá licença de raspar a barba, já bem comprida.

 

V. 2.000 contos dos presbiterianos

 

Os presbiterianos, fundados pelo libertino e assassino Knox, metem-se a cavalo sobre o texto da bíblia. O sétimo dia será o sábado do descanso (Lv 23, 3).

Eles querem santificar o sábado, enquanto os batistas adotam o domingo.

Entre eles os presbiterianos têm razão. Está na Escritura, e tal ordenança não foi retratada por Deus: "Guardai o meu sábado, porque é um dia santo" (Ex 31, 14).

É lei, e lei positiva! Os presbiterianos têm, pois, razão contra os batistas, e os batistas têm razão contra os presbiterianos.

Vejamo-lo bem. Somos nós cristãos ou judeus? Se os presbiterianos são judeus, têm razão: O sábado é o dia do Senhor (Lv 23, 3). Se são cristãos, não têm razão.

O domingo é o dia do Senhor, para os cristãos, por que Jesus Cristo ressuscitou neste dia. A Igreja católica, seguindo os ensinos do evangelho, interpretou muito bem a lei e os fatos.

A lei é que o sétimo dia seja um dia de descanso, o dia do Senhor. Mas, para conhecer o sétimo dia, é preciso conhecer o primeiro.

Ora, eu queria que os amigos presbiterianos me mostrassem, na Bíblia, que o domingo era o primeiro dia e o nosso sábado era o sétimo dia.

Procurem bem este texto, sim? Não encontrarão. A questão resolve-se, pois, pelo primeiro dia, que deve ser o domingo.

 

VI. O sábado

 

A palavra sábado não exprime o dia determinado da semana, mas, em hebraico, quer dizer: cessação, repouso (shabath). Quando deve ser este dia de repouso?

- O sétimo dia.

- E qual é o sétimo? Deus nunca o determinou. O que ele quer é que, após seis dias, o sétimo lhe seja consagrado.

O sábado era o dia dos israelitas por três razões, que a Bíblia assinala:

1) Em lembrança da criação: Em seis dias o Senhor criou o céu e a terra... e abençoou o dia do sábado (Ex 20, 11).

2) Em lembrança da libertação do Egito: O Senhor teu Deus te tirou do Egito... por isso te ordenou que guardasses o sábado (Dt 5, 15).

3) Como sinal de aliança entre Deus e o povo de Israel: Guardarão o sábado por conceito perpétuo (Ex 31, 16).

Estas três razões, como se nota, são particulares aos judeus, e como tais entram nas cerimônias, e não na dogmática, moral, ou legislativo universal. Como tal, o sábado é, antes, uma convenção, que um preceito positivo.

Uma palavra de nosso Senhor confirma esta interpretação: O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado, diz ele (Mt 12, 12), mostrando deste modo que o sábado tinha sido instituído para as necessidades espirituais e físicas do homem, e não como preceito perpétuo.

Conhecendo um pouco de Bíblia e de exegese, ou arte de interpretação, a questão resolve-se com toda a clareza.

Na lei antiga distinguem-se quatro espécies de preceitos: o dogma, a moral, as cerimônias as leis nacionais.

Destes preceitos, só ficaram em pé no novo testamento o dogma, completado por Jesus Cristo, e a moral, aperfeiçoada por ele.

Quanto às cerimônias, eram figurativas, e as figuras desaparecem diante da realidade. As leis nacionais e locais, próprias dos judeus, desaparecem igualmente, diante da legislação universal do evangelho. Isto é certo e admitido por todos: católicos e protestantes.

Agora urge saber em que categoria se deve colocar a observação do sábado. Não pode haver discussão, se houver sinceridade.

O sábado não pertence ao dogma: e só indiretamente pertence à moral. Deus quer um dia de descanso - isto pertence à moral... mas, qual é este dia? Esta parte é cerimonial.

Ora, a parte cerimonial do antigo testamento, não confirmada por Jesus Cristo, ficou abolida.

Como todos os outros preceitos da lei cerimonial, esta parte começou a cair em desuso durante a vida do Salvador, e cessou pela sua morte, tornando-se ilícita para os cristãos, desde que o evangelho fora bastante promulgado.

Desde então a sinagoga estava como que sepultada, e era culpado quem observasse as legálias ou lei cerimonial dos judeus.

 

VII. Ou tudo, ou nada

 

Sendo o sábado uma prescrição cerimonial, claro é que cai, e pode ser substituído por outra lei, pela autoridade da Igreja. Sustentar o contrário é completamente absurdo e ilógico.

De fato, querendo manter as prescrições cerimoniais, é preciso mantê-las todas; não havendo razão de conservar uma e desprezar outra.

Os presbiterianos, que conservam a prescrição do sábado, devem também conservar a circuncisão (Gn 17, 10), as neomínias ou dias lunares (SI 113, 19), os sacrifícios (Lv 6, 14), os holocaustos (Lv 7, 8), as oblações (Lv 2, 1), as libações (Nm 10, 1), a páscoa com suas cerimônias (Ex 14,), a festa das primícias (Nm 28, 26), dos tabernáculos (Lv 23, 39), da expiação, com o bode expiatório Azabel (Lv 16), sem falar em nenhuma das mil prescrições particulares que dizem respeito ao jejum, às purificações legais, às carnes, (Lv 3, 17; 11, 13; Dt 14, 21), o direito civil (Js 7, 14) e criminal (Dt 16, 18), empréstimos (Dt 15, 7), depósitos (Lv 6, 2), propriedades (Ex 21, 33), salários (Lv 19, 13).

Por que, entre as múltiplas prescrições cerimoniais ou nacionais, os presbiterianos conservam o sábado, só o sábado, e rejeitando todo o resto?

A Bíblia é sagrada, ou não é? Se o é, deve ser aceita integralmente; se não o é, então é preciso rejeitá-la completamente, pois não tem mais autoridade.

Por que, meus caros presbiterianos, conservais o sábado e rejeitais tantas outras prescrições de igual valor, até o preceito dado aos levitas de não cortar a barba? Isto é ilógico, é até absurdo.

Eis o bastante para provar que o sábado pode ser mudado, como foram mudadas milhares de outras prescrições cerimoniais. Pode ser mudado e foi mudado pela Igreja católica, por motivos justificados.

 

VIII. O domingo

 

A observação do domingo, na nova lei, não é prescrita, nem pela natureza, nem por lei divina positiva, mas por lei eclesiástica, baseada sobre o exemplo dos primeiros cristãos e a tradição dos apóstolos.

Vejamos agora a razão desta mudança. A razão é tríplice, como tríplice é a razão da instituição do sábado.

1°) Para os judeus: lembrança da criação. Para os católicos: lembrança da ressurreição de Jesus Cristo, que é como que o termo da redenção.

2°) Para os judeus: libertação do Egito. Para os católicos: libertação do pecado, que é a grande missão do Salvador.

3°) Para os judeus: sinal de aliança. Para os católicos: sinal de amor, representado pelo pentecostes ou descida do Espírito Santo sobre os apóstolos, o que se fez num domingo.

Esta mudança foi feita pelos próprios apóstolos, como no-lo mostra o Apocalipse, onde o domingo é chamado dia do Senhor (Kyriaké heméra).

Os presbiterianos perdem, pois, o repto e o cobre. Dê-me cá, caro amigo, os 2.000 contos, para eu pagar ao protestante presbiteriano ou batista, que descobrir o texto que me permite cortar a barba.

1.000 e 2.000 contos perfazem 3.000 que eu prometi. Não se esqueçam do texto bíblico: "Não rasparão a ponta de sua barba" (Lv 21, 5).

3.000 contos de prêmio, a serem pagos pelos batistas e os presbiterianos.

 

IX. Conclusão

 

A conclusão é aquela que coloquei na frente desta discussão. Os protestantes fazem da Bíblia um verdadeiro jogo, e cada seita não passa de um clube. É o bible-ball.

Dão pontapés na Bíblia, dão-lhe murros; é uma bola, e esta bola tem que voar, para o lado que o mais forte empurrar: bible-ball.

Tomam um texto, interpretam-no a seu talante, e julgam possuir a verdade. O batista empurra a bíblia no batismo de imersão. - O anabatista chuta a bola bíblica, negando o batismo. O presbiteriano empurra a Bíblia para o sábado; enquanto centenas de outros bolistas empurram-na para o domingo. É um clube de bible-ball.

Como, acima destas brigas, destaca-se bela, solene, majestosa, e divina, a Igreja de Jesus Cristo, fundada pelo Cristo, sobre São Pedro. Ela não discute, mas, assistida pelo Espírito Santo, que prometeu estar com ela, até ao fim dos séculos (Mt 28, 20), conserva integro e inviolável o tesouro divino das sagradas Escrituras.

Com um cuidado infinito, ela compara os textos, manuseia os originais, compara, consulta os antigos dos primeiros séculos, e apresenta a seus filhos a verdade uma, santa, imutável dos seus dogmas e de sua moral, sempre apoiados sobre a palavra de Deus escrita.

Pobres protestantes! Quando é que compreendereis que a palavra divina está na Bíblia e não em vossas cabeças? Que a verdade da Bíblia é objetiva e não simplesmente subjetiva? Que ela deve ser ministrada por uma autoridade competente, infalível, e não pela cabeça própria de qualquer ignorante?

Compreendendo isto, deixareis a seita vil e mentirosa a que pertenceis, para seguirdes o estandarte glorioso de Cristo, que a imortal Igreja católica, apostólica, romana, desfralda.

* Retirado da obra Anjo das Trevas, do Pe. Júlio Maria de Lombaerde. 


terça-feira, 29 de março de 2022

DAQUELE QUE FOI SALVO DO PERIGO DA MORTE



Este milagre ocorreu após a morte de Santo Antônio.

 

Na cidade de Monopoli, perto do convento dos frades, quando um jovem cavava a terra em profundidade, ocorreu um desmoronamento, que o sepultou mortalmente. Entretanto, sua mãe esperava que o filho voltasse a casa. Passando já da hora em que o filho devia regressar, saiu à procura daquele que há muito tardava.

Vendo um menino perto do lugar onde o filho estivera a cavar a terra, a senhora, preocupada, perguntou o que lhe tinha acontecido. O rapaz respondeu: «Está debaixo da terra, que caiu em cima dele». Logo que isto ouviu, a mãe começou a bater na face e a arrancar os cabelos; e, correndo para o convento dos frades, gritava: «Correi, irmãos, correi, que a terra engoliu o meu filho».

Ao ouvir os gritos, os frades acorreram com pás e outra ferramenta e começaram a cavar onde a terra tinha caído. Entretanto, a mãe gritava sem cessar: «Santo Antônio, restitui-me o meu filho!» Continuando a cavar, afloraram primeiro os pés do jovem enlivescidos com o peso da terra, depois as nádegas contusas. Outros, ao cavar com as pás, abriram três buracos no barrete que o jovem tinha na cabeça e nem sequer lhe tocaram nela. Puxado da terra, o rapaz estava vivo, embora contundido gravemente.

Perguntando os frades de que modo pudera sobreviver debaixo da terra, respondeu: «O bem-aventurado Antônio colocou a sua mão sobre a minha garganta». Ao ouvir esta declaração, os homens presentes renderam os devidos agradecimentos a Deus e ao bem-aventurado Antônio. (Extraído da Legenda Raimondina, Capítulo XVI).

 

 

Santo Antônio de Lisboa, rogai por nós!

segunda-feira, 28 de março de 2022

RESPOSTA DO PE. JÚLIO MARIA DE LOMBAERDE A UMA OBJEÇÃO PROTESTANTE CONTRA O BATISMO CATÓLICO

 

 

O BATISMO

 

A 17ª objeção é fenomenal e contradiz a própria doutrina e o próprio uso protestantes. Desta vez, o protestante protesta contra si mesmo, contra Lutero e contra inúmeras seitas protestantes.

Protesta porque a Igreja Católica afirma que o pecado original existe, e que é remitido pelo batismo.

Basta esta afirmação para o nosso protestante exigir: Um texto que prove que o batismo lava o pecado original, nos faz cristãos, filhos de Deus, herdeiros do reino de Deus.

Vamos, de novo, satisfazer as exigências do nosso amigo crente.

 

I.                    Sacramento e lei

 

O batismo é um sacramento do Novo Testamento, instituído por Jesus cristo, para apagar o pecado original.

Jesus disse: Se alguém não for regenerado pela água e o Espírito Santo, não poderá entrar no reino de Deus (Jo 3, 5).

Esta regeneração é o batismo. Conforme as palavras do Salvador, a salvação é impossível sem o batismo.

Além de o batismo ser absolutamente necessário, há também uma lei que obriga a recebê-lo. As próprias palavras da promulgação o afirmam: Ide, ensinai a todas as nações, batizando-as em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo (Mt 28, 19).

Até aqui o amigo protestante deve estar de acordo conosco. Tiremos disso uma conclusão lógica: Jesus Cristo nada fez de inútil, tudo o que fez e disse tem uma razão de ser.

Se, pois, ele exige tão rigorosamente a recepção do batismo, é porque o batismo serve para qualquer coisa, produz um efeito que só ele pode produzir. E qual é este efeito?

 

II.                 Efeitos do batismo

 

É a Sagrada Escritura que no-los vai indicar claramente: Aquele que crer e for batizado será salvo, diz o próprio Jesus Cristo (Mc 16, 16).

Eis já o que é claro e positivo: A fé e o batismo são as bases da nossa salvação.

Ora, para ter precisão de salvação, é preciso estar perdido; são dois termos correlativos: um supõe o outro. O homem estava, pois, perdido. Como? Pelo pecado original transmitido por Adão e Eva a todos os seus descendentes.

Isto é provado claramente pelo testemunho do apóstolo: Por um homem só entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte; assim também a morte passou a todos os homens, por isso todos pecaram num só (Rom. 5, 12).

Eis o que é bem claro. Antes do Apóstolo, o santo rei David já tinha dito a mesma verdade: Fui gerado na iniquidade, e minha mãe concebeu-me no pecado (Sl 50, 7).

Eis, pois, duas verdades bem provadas: O pecado original foi cometido pelos nossos primeiros pais. Este pecado é transmitido a todas as gerações humanas, sendo assim um pecado universal.

Procuremos agora um remédio para este mal. É S. Pedro que no-lo ensina: Fazei penitência e cada um de vós se faça batizar em nome de Jesus cristo, para a remissão dos seus pecados (At 2, 38). O batismo é pois um meio de remir os pecados.

E quais são estes pecados? O batismo pode ser recebido em qualquer idade. A criança, não sabendo distinguir entre o bem e o mal, é incapaz de cometer pecados. Deve pois existir qualquer pecado que não seja cometido pessoalmente por nós, mas é transmitido pela geração. Tal pecado é o pecado original.

S. Paulo dissipa as últimas dúvidas e, num rasgo sublime, projeta sobre o batismo uma luz toda divina.

Escute estas passagens, caro protestante: Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde? De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como vivemos ainda nele? Ou não sabes que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo, fomos batizados em sua morte? De modo que estamos sepultados com ele pelo batismo na morte, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele, na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição (Rom 6, 1-6).

Que sublime página de teologia sobre os efeitos do batismo! Se os amigos protestantes soubessem compreender um pouco a Bíblia, ficariam envergonhados das ineptas objeções que levantam.

S. Paulo dá a resposta completa à objeção protestante e prova a exposição católica que afirma que o batismo:

a) Lava do pecado original,

b) nos faz filhos de Deus,

c) herdeiros do céu.

Somos batizados na morte de Jesus Cristo, diz S. Paulo. Ora, esta morte é a destruição do pecado. Não havendo pecado em nós, tornamo-nos filhos de Deus, ressuscitados da morte do pecado, como Cristo ressuscitou da morte do túmulo.

Semelhantes a Cristo pelo batismo, ressuscitados como ele, tornamo-nos participantes da glória do céu.

Somos herdeiros de Deus e co-herdeiros de Jesus Cristo, diz S. Paulo (Rom 8, 17). Ora, esta herança é a graça na terra e a glória no céu.

Justificados pela graça, diz ainda o Apóstolo, seremos herdeiros segundo a esperança da vida eterna (Tito 3, 7).

 

III.               Conclusão

 

Concluamos, mostrando aos pobres protestantes como eles são ilógicos, e como estão em contradição com a Bíblia e com os seus próprios costumes.

Os protestantes administram o batismo para os seus adeptos e, entretanto, não acreditam no batismo. Fazem objeção contra o batismo e o conservam como obrigatório, para ser cristão, e até para ser protestante. De outro lado, sendo consequentes, não deveriam admitir o batismo. É um princípio por eles admitido que ninguém pode ser justificado sem um ato de fé em Jesus Cristo. Ora, as crianças não são capazes de fazer este ato. Logo, o batismo das crianças é inútil.

Outro argumento contra eles: É também um princípio protestante que nada se deve fazer que não seja autorizado por um exemplo tirado da Bíblia. Ora, não há nela nenhum exemplo de batismo de criança. Logo, os protestantes deviam rejeitar o batismo das crianças, como contrário à Bíblia.

Até a Escritura pode ser interpretada como favorável ao batismo das pessoas adultas, antes que das crianças. Aquele que crer e for batizado será salvo (Mc 16, 16).

A Igreja Católica manda batizar as crianças, não por indicação da bíblia, mas pela interpretação do texto sagrado, pela tradição constante dos séculos, desde os apóstolos até hoje.

Eis umas citações antiguíssimas a esse respeito:

Dionísio Areopagita, do século II, diz: “É uma tradição que nos vem dos apóstolos, que as crianças devem ser batizadas” (Eccl. Hier., cult.).

S. Ireneu, também do século II, diz: “Todos aqueles que são regenerados em Jesus Cristo, isto é, crianças, jovens, velhos, serão salvos” (Sup. S. Luc.).

Orígenes repete a mesma verdade. É na Igreja uma tradição, provinda dos apóstolos, dar o batismo às crianças (Leb. 5, c. 6).

S. Cipriano, ainda no mesmo século, escreve: “Parece-me bem e a todo o concílio que as crianças sejam batizadas, mesmo antes de oito dias” (Lev. 3, ep. Ad. Fidum).

Eis testemunhos autênticos dos primeiros séculos, atestando sempre ter sido uso na Igreja batizar as crianças.

Eis como cai a objeção protestante e vira contra eles, mostrando como estão em contradição consigo mesmos: fazendo o que não acreditam e acreditando o que não fazem. No primeiro caso, não deviam batizar as crianças como fazem. No segundo, não podiam atacar o batismo, nem pedir textos para provar que o batismo apaga o pecado original e nos faz filhos de Deus.

É a eterna mania de protestar... até contra eles mesmos!

sábado, 26 de março de 2022

SOBRE A EXTREMA-UNÇÃO, CONTRA OS PROTESTANTES

 



A primeira parte é retirada do livro Objeções e erros protestantes, do Pe. Júlio Maria de Lombaerde, e se destina, como há de se esperar, aos hereges que protestam contra a Igreja de Cristo.

 

A segunda parte é retirada dos Catecismos de São Pio X (o maior e o menor) e destina-se aos Católicos, para que estejamos “sempre prontos para responder a todo o que vos pedir razão daquela esperança que há em vós” (1Pedro 3, 15).

 

1ª. PARTE

 

Um texto de São Tiago

A EXTREMA-UNÇÃO

 

Um protestante pergunta:

Como se entende Tiago 5:14,15, em conexão com Rom. 14:12?

O jornal Baptista responde:

“Não podemos atinar com a conexão que o consulente achou entre estes dois textos tão diferentes. O primeiro aconselha um modo de proceder, no caso de algum irmão ficar doente, que é o recurso da oração e da medicina (o azeite era de largo emprego medicinal naquele tempo); o segundo ensina a responsabilidade individual de cada um perante Deus. Só se o consulente atribui aos anciãos uma função sacerdotal, como a igreja católica atribui aos seus padres, com poderes de perdoar os pecados aos moribundos, pelo rito que ela chama de extrema unção. A igreja Católica ensina isso, mas não Tiago. Ele não atribui aos anciãos poder algum de perdoar pecados”.

Tal é a resposta protestante. Vê-se, à primeira leitura, que o Pastor está atrapalhado, pois, em vez de dar a resposta à pergunta, vira logo contra a Igreja Católica, acusando-a de exercer poder que não possui. Ora, a pergunta não é essa. O consulente quer saber da conexão entre estes dois textos, e não o que ensinam os Católicos.

Procuremos elucidar bem o caso e explicar o que o Pastor não soube, ou não quis explicar, pondo tudo em plena luz.

Eis os dois textos aludidos.

A passagem de São Tiago é:

Há algum doente entre vós? Chame os Sacerdotes da Igreja, os quais orarão por ele e o ungirão com óleo, em nome do Senhor. E a oração cheia de fé salvará o doente; e o Senhor o aliviará; e, se tiver cometido pecados, ser-lhes-ão perdoados (Tiago 5:14,15)”.

A de S. Paulo é a seguinte:

Portanto cada um de nós de si dará conta a Deus (Rom. 14:12)”.

 

I.                   Falsificação protestante

 

Convém revelar, em primeiro, a falsificação da tradução protestante, que diz:

Está alguém entre vós doente? Chame os anciões da igreja”.

Porque anciões para friccionarem com óleo um doente? Uma pessoa qualquer não será capaz de fazer isto? Que virtude especial terão as mãos de um ancião para ungir, ou friccionar um doente com azeite? Porque não fazer isso em família?

É um contra bom senso, desde que tal unção não passa de uma cerimônia exterior, uma espécie de remédio.

Os bons dos protestantes, que acreditam o que lhes conta a tradução falsa da Bíblia, devem ficar rindo de tais anciões da igreja, encarregados de friccionar, com óleo, os seus doentes.

E isto é tão certo que nem os protestantes pedem isso a seus pastores, nem os Senhores pastores fazem a tal cerimônia de fricção ou unção.

É letra morta... e, entretanto, está na Bíblia.

Vê-se logo que aqui há uma falsificação.

 

II.                A Verdade Católica

 

De fato, a falsificação existe. O texto autêntico não fala em anciões da igreja, mas sim de Sacerdotes da Igreja, o que não é a mesma coisa.

Os amigos protestantes, não tendo Sacerdotes, para justificarem a sua heresia, trocaram mui inocentemente ou mui perversamente a palavra Sacerdote por ancião; apesar da completa distinção entre estas duas pessoas.

O texto traz presbyter, o que quer dizer: Sacerdote ou Padre, e não Senex, que significa ancião; como se pode constatar em muitas passagens da Bíblia.

S. Mateus diz, por exemplo, “que o Cristo havia de sofrer muito dos anciões, dos escribas e dos príncipes dos Sacerdotes (Mat. XVI, 21)”.

O texto latino é: et multa pati a SENIORIBUS, et scribis et principibus SACERDOTUM.

Está-se vendo que os anciões estão realmente distintos dos Sacerdotes; o próprio Evangelho faz a distinção.

Como é que os protestantes traduzem, nesta passagem de S. Mateus, príncipes dos Sacerdotes, e não dos anciões, e que em outra parte traduzem sacerdote por ancião!

Há aqui um erro voluntário... em outras palavras, uma falsificação de herege.

Há muitas outras provas de falsificação igual a estas. [Veja] O meu Amigo consulente, por exemplo, Tim. V. 17 “Os Sacerdotes, que governam bem, tem direito à dupla honra, mormente os que labutam na pregação e no ensino”.

E no versículo 19: “Contra o Sacerdote não receberás acusação, senão com duas ou três testemunhas, etc., etc.”.

Nestas passagens a Bíblia emprega a palavra “Presbyter” e quando se trata do povo, dos chefes do povo, juízes, etc., emprega a palavra “Senex”, ancião. São, pois, duas coisas bem distintas e inconfundíveis, que o herege confunde e mistura, no triste afã de suprimir o Sacerdote e de fazer acreditar que qualquer ancião pode exercer este ofício.

É simplesmente grotesco; ou, pela falta de lógica, ou então pela ignorância.

Se assim fosse, como dizem os Protestantes, um homem só poderia ser Pastor depois de ter cabelos brancos, depois de ser ancião, ora, veem-se Pastores e Pastoras de 18, 20 e 30 anos, quase criançolas, que não têm nada de ancião!

Suprimindo os Sacerdotes, tais pastores são completamente contrários à Bíblia.

Pobres de pastores... Como sair deste labirinto? Sacerdotes, não o são; anciões, também não o são. Que são eles, então?

Nada... Simples intrusos que se outorgam títulos, poderes e encargos que absolutamente não têm, nem podem ter.

 

III.             A Extrema-Unção

 

Pela lógica das palavras e dos fatos, estamos aqui diante de uma instituição divina, que convém esclarecer bem, para assim constatar as falsificações protestantes e o ridículo das suas pessoais interpretações da Bíblia.

Tal instituição divina é o que a Igreja Católica chama a “Extrema-Unção”. É um Sacramento e não simplesmente uma fricção com óleo, feita por qualquer ancião ou velho.

Chama-se Sacramento, meu caro protestante, um sinal sensível, instituído por Jesus Cristo para nos conferir graça.

Três coisas a notar nesta definição:

Um sinal sensível: A unção com óleo sobre o doente e a oração apropriada. – “Eles orarão sobre ele e o ungirão com óleo, em nome do Senhor” (Tiago V, 14);

Instituído por Jesus Cristo: E a palavra da Bíblia ou do Espírito Santo: “Se alguém estiver doente, chame os Sacerdotes da Igreja” (Tiago V, 14). Obrigação, pois, na moléstia, de chamar o Padre e de ser ungido;

Para conferir a graça: “E o Senhor o livrará; e, se tiver cometido pecados, ser-lhes-ão perdoados” (Tiago V, 15).

Tal Unção, feita pelo Sacerdote, produz, conforme o texto da Bíblia, duplo efeito: alivia o corpo e perdoa os pecados.

Tudo isso é claro, é irrefutável. Tal Unção, dada pelos Padres, na enfermidade, na extremidade da vida, chame-se “Extrema-Unção”.

Para poderem negar este Sacramento e protestarem contra a Igreja Católica, os amigos protestantes recorrem ao meio sacrílego - aliás o único que podia dar-lhes razão -, trocarem as palavras, substituírem o Padre por qualquer ancião ou velho, para fazerem de um Sacramento uma simples fricção de óleo, feita por um velho, seja ele como for!

É ridículo, e só um tolo pode deixar-se iludir a tal ponto.

 

IV.             Confirmação pelos Apóstolos

 

Tal passagem não precisa de comentário; ela se explica e se comenta pela lucidez e o vigor da expressão. A vida dos Apóstolos nos dá muitas provas de que é este o verdadeiro e único sentido.

Leia-se o que diz S. Marcos, por exemplo (Marcos VI, 13):

Os apóstolos pregavam aos povos que fizessem penitência e expeliam muitos demônios, e ungiam, com óleo, a muitos enfermos e os curavam”.

Que quer dizer isto?

Serão os Apóstolos uns simples curandeiros, que andam friccionando os enfermos, com óleo, para curá-los?

Por que os Pastores não os imitam? A exemplo dos Apóstolos podiam também friccionar os doentes, enquanto lhes impingiriam algumas Bíblias falsas. O preço da Bíblia compensaria o trabalho da fricção de óleo!

Como tudo isto é ridículo!

Nesta passagem vê-se, claramente, que os Apóstolos, que eram Sacerdotes e não anciões simplesmente (S. João não era ainda) pregavam o Evangelho e administravam o Sacramento da Extrema-Unção, como em outros lugares administravam o Sacramento da Confirmação, pela imposição das mãos (At XIX, 5-6 e VIII, 14 a 17, etc.).

E a Extrema-Unção, administrada pelos Apóstolos, produzia os efeitos assinalados por S. Tiago.

 

V.                Conclusão

 

A conclusão impõe-se com todo o rigor do raciocínio.

Os amigos protestantes, como os Católicos, consideram S. Tiago como um apóstolo inspirado. Poderão eles imaginar que o Apóstolo tenha falado de um rito, pelo qual o homem é salvo, aliviado e os seus pecados são perdoados, se não o considerasse uma instituição divina, estabelecida e autorizada pelo seu divino Mestre?

Está, pois, bem provada a interpretação católica das palavras de S. Tiago, que indicam:

1º. – Os Sacerdotes (Padres), e não os anciões, recebem ordem de dar a Unção aos enfermos;

2º. – Todos os enfermos devem receber a Extrema-Unção (S. Marcos mostra que a recebiam no seu tempo);

3º. – A Extrema-Unção tem por fim aliviar o corpo e salvar a alma, apagando os pecados.

Ora, só Deus pode perdoar os pecados, e só Ele pode dar a um meio material o poder de produzir tal efeito – o que prova que a Extrema-Unção é de instituição divina.

Qual é, agora, a conexão entre os textos de S. Tiago e de S. Paulo?

 A conexão natural e lógica é que um enfermo deve mandar chamar o Sacerdote para receber a Extrema-Unção, e não o fazendo, rejeita os meios de salvação, estabelecidos por Deus, sem poder confiar nos outros, pois, diz S. Paulo: “Cada um de nós, de si, dará conta a Deus” (Rom. 14:12).

Há, pois, uma conexão natural.

Façamos o que Deus manda e não confiemos a nossa salvação nas promessas dos outros, e, menos ainda, na interpretação falsa dos textos da Bíblia.

 

2ª. PARTE

 

·          Que é o Sacramento da Extrema-Unção?

A Extrema-Unção é o Sacramento instituído para alívio espiritual e também temporal dos enfermos em perigo de vida.

 

·         Quem é o ministro da Extrema-Unção?

O ministro da Extrema-Unção é o sacerdote pároco, ou outro sacerdote que tenha sua permissão.

 

·         Como o sacerdote administra a Extrema-Unção?

O sacerdote administra a Extrema-Unção ungindo em forma de cruz, com o óleo benzido pelo Bispo, os órgãos dos sentidos dos enfermos dizendo: "Por esta santa Unção e por Sua piíssima misericórdia, o Senhor te perdoe tudo o que de mal fizeste com os olhos, com os ouvidos, etc. Amém."

 

·         Que efeitos produz o Sacramento da Extrema-Unção?

O Sacramento da Extrema-Unção produz os seguintes efeitos: 1.º aumenta a graça santificante; 2.° apaga os pecados veniais e também os mortais que o enfermo arrependido já não possa confessar; 3.º tira a fraqueza e languidez para o bem, que permanecem ainda depois de se ter alcançado o perdão dos pecados; 4.° dá força para suportar pacientemente o mal, para resistir às tentações, e para morrer santamente; 5.º ajuda a recuperar a saúde do corpo, se isso for útil à salvação da alma.

 

·         Em que tempo se deve receber a Extrema-Unção?

A Extrema-Unção deve receber-se quando a doença é grave, e, se possível, depois de o enfermo ter recebido os Sacramentos da Penitência e da Eucaristia; e deve procurar-se que o enfermo a receba quando está ainda com plena consciência e com alguma esperança de vida.

 

·         Por que é bom que o enfermo receba a Extrema-Unção quando está ainda em plena consciência e com alguma esperança de vida?

É bom receber a Extrema-Unção quando o enfermo está ainda com plena consciência e com alguma esperança de vida por que, recebendo-a com melhores disposições, poderá obter maior proveito; e, além disso, como este Sacramento dá a saúde do corpo, se convém à alma, auxiliando assim as forças da natureza, não se deve estar à espera de que se desespere da cura.

 

·         Com que disposições se deve receber a Extrema-Unção?

As principais disposições para receber a Extrema-Unção são: estar em estado de graça, confiar na eficácia do Sacramento e na misericórdia divina, e resignar-se à vontade de Deus.

 

·   Que sentimento deve experimentar o enfermo à vista do Sacerdote?

À vista do Sacerdote, o enfermo deve experimentar sentimentos de gratidão para com Deus por lho ter enviado, deve recebê-lo de boa vontade, e, se puder, pedir para si mesmo os confortos da Religião.

 

 

Santo Antônio de Pádua, Martelo dos hereges, rogai por nós!

Servo de Deus, Pe. Julio Maria de Lombaerde, Martelo da heresia no Brasil, intercedei por nós!

quarta-feira, 23 de março de 2022

BENÇÃO DE SANTO ANTÔNIO

 

V. Adjutorium nostrum in nomine Donini.

R. Qui fecit caelum et terram.

V. Ora pro nobis, sancte Antoni.

R. Ut digni efficiamur promissionibus Christi.


Oremus

Ecclesiam tuam, Deus, beati Antonii Confessoris tui commemoratio votiva laetificet: ut spiritualibus semper muniatur auxiliis, et gaudiis perfrui mereatur aeternis. Per Christum Dominum nostrum. Amen.


Ecce crucem † Domini,
Fugite partes adversae,
Vicit leo de tribu Juda,
Radix David, alleluia.



Obs.: 100 dias de Indulgência, uma vez por dia, aplicáveis às almas do purgatório. (Leão XIII, 21 de maio de 1892; e Sagrada Congregação das Indulgências, 26 de maio de 1896).

ORAÇÃO A SANTO ANTÔNIO PARA ACHAR AS COISAS PERDIDAS


Grande santo Antônio, apóstolo cheio de bondade, que recebestes de Deus o poder especial de fazer achar as coisas perdidas, socorrei-me neste momento, para que, por vossa assistência, ache o objeto que procuro. Obtende-me também uma fé ardente, perfeita docilidade às inspirações da graça, o desprezo dos vãos prazeres do mundo e um ardente desejo das inefáveis alegrias da bem-aventurança eterna. Amém.

ORAÇÃO PARA PEDIR UMA GRAÇA

 

Lembrai-vos, ó grande santo Antônio, que o erro, a morte, as calamidades, o demônio, as doenças contagiosas fogem por vossa intercessão. Por vós, os doentes recobram a saúde, o mar se acalma, as cadeias dos cativos quebram-se, os estropiados recobram os membros, as coisas perdidas voltam a seus donos. Os jovens e os velhos que a vós recorrem são sempre ouvidos. Os perigos e as necessidades desaparecem. Cheio de confiança, dirijo-me a vós. Mostrai hoje vosso poder e obtende-me a graça que desejo. Amém.

ORAÇÃO PARA OBTER A GRAÇA DE UMA BOA MORTE


Grande santo Antônio de Pádua, poderoso defensor de quem se coloca sob a vossa proteção, suplico-vos, bem humildemente, pelo desejo ardente que tivestes de morrer por Jesus Cristo, que ele vos conceda de me obterdes a graça de não ser surpreendido por uma morte súbita, a que estão expostos todos os que erram ainda no meio das misérias deste mundo; conduzi-me em toda a vida e amparai-me para que não caia no pecado, e fazei que receba de Deus luzes que conduzam meus passos; ensinai-me a cumprir dignamente todos os deveres de um bom cristão; assisti-me, grande santo; ajudai meus parentes e amigos em todas as necessidades, principalmente na triste agonia, para que possamos por vossa intercessão felizmente acabar os dias na graça de Deus, e por vosso poder ser preservados da desgraça irreparável da condenação eterna. Assim seja.


ORAÇÃO EFICAZ A SANTO ANTÔNIO

 

Lembrai-vos, ó glorioso santo Antônio, amigo do menino Jesus e filho querido de Maria imaculada, que jamais se ouviu dizer que aquele que tem recorrido a vós, implorando vossa proteção, tenha sido abandonado. Animado de igual confiança, venho a vós, ó fiel consolador dos aflitos. Gemendo sob o peso dos meus pecados, me prostro a vossos pés e, pecador como sou, atrevo-me a comparecer diante de vós. Não deixeis de ouvir minhas súplicas, vós que sois tão poderoso junto ao Coração de Jesus; antes, escutai-as favoravelmente e dignai-vos despachá-las. Assim seja.


(Indulgência de 100 dias)


ORAÇÃO PARA OFERECER ALGUMA ESMOLA A SANTO ANTÔNIO


Glorioso taumaturgo, pai dos pobres, vós que descobristes prodigiosamente o coração de um avarento no meio de seus tesouros, pelo grande dom que tivestes de ter o coração voltado para as misérias dos infelizes, apresentando ao Senhor nossas sú­plicas, obtende-nos sejamos favoravelmente atendidos, e aceitai como prova de nosso reconhecimento o óbulo que depomos a vossos pés, para socorro dos pobres. Seja esta esmola proveitosa para os que sofrem e também para nós; socorrei a uns e a outros com vossa benevolência, em todas as necessidades temporais e espirituais, sobretudo na hora da morte. Amém.

ORAÇÃO A SANTO ANTÔNIO PARA O DIA DA FESTA


Gloriosíssimo santo Antônio, neste dia consagrado à vossa memória, alegro-me convosco nas inúmeras prerrogativas com que fostes enriquecido mais que os outros santos. A morte é vencida por vosso poder, os oprimidos recebem por vós o alivio tão desejado, os leprosos, os enfermos, os paralíticos obtêm a salvação por vossa virtude. A vosso mandado, acalmam-se os ventos e as tempestades, rompem-se as cadeias da escravidão, encontram-se as coisas perdidas, em suma, todos que, confiados, recorrem a vós, ficam livres dos males que os perseguem, dos perigos que os ameaçam, do peso que os oprime; e não há nenhuma necessidade, à qual vosso milagroso poder e vossa terna bondade não se estendam. O' meu querido protetor, por todas as graças que recebestes de Deus, suplico-vos que tomeis especial cuidado de minha alma, de meus negócios e de minha vida inteira. Sob a vossa proteção, nada temerei; recomendo-vos minhas necessidades, e peço-vos lembrar minhas misérias ao Deus de todas as consolações, para que, por vossos méritos, se digne fortalecer-me em seu serviço, consolar-me em minhas aflições, livrar-me dos meus males, ou dar-me forças para suportá-los para minha maior santificação. Peço-vos estas graças para mim e para todos que se acham nas mesmas penas e perigos. Enfim, meu querido protetor, obtende-me que nenhuma força inimiga me separe de meu Deus, ao qual sejam dadas honra e ação de graças por todos os séculos dos séculos. Amém.

terça-feira, 22 de março de 2022

MILAGRE DOS PEIXES


Certa vez “em Rimini, onde havia grande multidão de hereges, Antônio querendo reconduzi-los à luz da verdadeira fé e ao caminho da virtude, pregou-lhes durante muitos dias e com eles disputou sobre a fé cristã e a Santa Escritura; mas eles não só não se rendiam às suas santas palavras, mas ficavam endurecidos e obstinados a não querer ouvi-lo. 

Sto. Antônio, um dia, por divina inspiração, foi para a costa em que o rio desemboca no mar; e, tendo-se colocado aí entre o rio e o mar, começou a discorrer como se pregasse em nome de Deus aos peixes, e disse : 'Ouvi a palavra de Deus, vós, peixes do mar e do rio, pois que os hereges desdenham ouvi-la'. E, desde que falou, afluiu logo para perto da praia em que ele estava uma tal multidão de peixes, grandes, pequenos e meões, que nunca nesse rio tantos se tinham visto: traziam todos a cabeça fora d’água, e todos pareciam olhar a face de Sto. Antônio, na maior ordem todos eles e em grande paz; estando na frente e mais perto da praia os pequenos, depois destes os medianos, e por detrás, onde a água era mais funda, os maiores. Estando os peixes dispostos nesta ordem, Sto. Antônio pôs-se a pregar solenemente e a dizer: 'Meus irmãos peixes, vós estais muito obrigados, conforme o podeis, a render graças ao nosso Criador, que vos deu tão nobre elemento para vossa habitação; porque, segundo o vosso gosto, tendes águas doces e águas salgadas. Ele vos proporcionou muitos abrigos para escapardes às tempestades, e preparou-vos ainda um elemento claro e transparente e uma nutrição de que viveis. Deus, vosso Criador liberal e bom, quando vos fez nascer, mandou que crescêsseis e vos multiplicásseis, e deu-vos a sua bênção. Quando veio o dilúvio universal, morrendo todos os animais, Deus vos resguardou a todos sem dano. Depois deu-vos barbatanas para vos transportardes aonde quereis. A um de vós foi concedido, por mandado de Deus, guardar o profeta Jonas, e após três dias lançá-lo de novo em terra são e salvo. Fostes vós que destes o censo para nosso Senhor Jesus Cristo, que, em sua qualidade de pobre não tinha com que pagá-lo. Por um mistério singular, vós servistes de alimento ao rei eterno Jesus, antes e depois de sua ressurreição. Por todas estas coisas, estais extremamente obrigados a louvar e bendizer a Deus, que tantos e tais benefícios vos liberalizou mais que às outras criaturas.' — A estas palavras e aos outros ensinamentos que Sto. Antônio juntou, começaram os peixes a abrir a goela, a inclinar a cabeça, e com estes sinais [e com] outras mostras de respeito, a seu modo e nas suas forças, louvavam a Deus. 

Então Sto. Antônio, vendo todo o respeito dos peixes por Deus seu Criador, regozijou-se intimamente, e disse em Voz alta : 'Bendito seja o Deus eterno, porque os peixes das águas o honram mais do que o fazem os homens hereges, e animais crivados de razão escutam melhor sua palavra do que os homens sem fé.' — Ora, quanto mais Sto. Antônio pregara, mais crescia a multidão dos peixes, e nenhum deles deixava o lugar que havia escolhido. À notícia do fato, o povo da cidade correu em massa, e com eles os hereges, que, ao verem tão maravilhoso e manifesto milagre, ficaram profundamente abalados, e lançaram-se aos pés de Sto. Antônio, para ouvirem sua palavra. Então o Santo começou a expor a fé católica, e pregou de modo tão elevado que os hereges se converteram e voltaram à fé de Cristo, e os fiéis ficaram consolados e alegres, fortalecendo-se mais na fé. Por fim, Sto. Antônio despediu os peixes com a bênção de Deus; e todos eles se foram, dando sinais extraordinários de alegria, como também o povo... Depois, Sto. Antônio ficou em Rimini muitos dias, pregando e colhendo muitos frutos nas almas”. (extraído do livro História de Santo Antônio de Pádua, escrito pelo Pe. Antônio At., C. S. C.).

Santo Antônio de Pádua, rogai por nós.

 

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