sexta-feira, 10 de junho de 2022

TREZENA DE SANTO ANTÔNIO

 


DÉCIMO TERCEIRO DIA

Eu vos saúdo, grande Santo Antônio, pai e protetor. Eis-me humildemente prostrado a vossos pés para pedir-vos intercedais por mim diante de nosso Senhor Jesus Cristo, para que ele se digne conceder-me, por vosso intermédio, a graça que desejo (pede-se a graça), se for da vontade de Deus, à qual me submeto inteiramente. Pe­ço-vos isso, amável santo, pela firme confiança que tenho em Deus, a quem servistes fielmente, e pela confiança que deposito em Maria, a quem tanto honrastes. Imploro-vos, pelo amor desse doce Jesus-menino, que carregastes em vossos braços. Suplico-vos, por todos os favores que ele vos concedeu neste mundo, pelos prodígios sem número que Deus operou e continua a operar diariamente por vossa intercessão. Peço-vos, enfim, pela grande confiança que tenho em vossa proteção. Assim seja.


Glorificação de Santo Antônio

Havia onze anos que Santo Antônio trazia as librés do serafim de Assis, quando o céu coroou de glória e honra sua fecunda carreira. Vivera apenas trinta e seis anos, e, nesse pouco tempo, sua vida enchera-se de obras e de méritos. Não foi, entretanto, sua partida para o reino eterno o fim de seu apostolado. Santo Antônio vive ainda entre nós com o mesmo poder que nos dias de sua existência terrestre. Jesus Cristo, para no-lo conservar, por um prodígio tocante, transformou seu túmulo numa cadeira de verdade, de onde não cessa de nos falar. Sua santa língua, que foi instrumento de tantas maravilhas, que convertera milhares de pecadores, e reunira, em torno dele, os peixes do mar para confundir nossa indiferença; essa língua, que se fizera ouvir em todos os idiomas, como no dia de Pentecostes, que pusera em fuga os demônios, que ressuscitara mortos, consolara tantas almas, curara tantas doenças; essa língua que o Papa chamara “arca do testamento” onde Deus proferia seus oráculos e onde se conservara o maná do céu, e a vara miraculosa de Moisés; essa língua, enfim, que se reduzira ao silêncio, para nos ensinar a humildade, a renúncia e a união com Deus, está realmente entre nós. Trinta e dois anos após sua morte, fez-se a trasladação das relíquias do taumaturgo. Quando se exumaram os ossos, o corpo reduzira-se a cinzas, a língua somente estava intata, fresca e vermelha como a de um homem vivo. Em presença de fato tão extraordinário, o seráfico Boaventura, não podendo conter a emoção, tomou-a entre suas mãos e exclamou: “Ó língua bendita, que não cessastes de louvar a Deus e que o fizestes louvar por um número infinito de almas, vê-se agora quanto sois preciosa diante de Deus!”. Depois, fê-la encaixar em um relicário de ouro, legando-a assim à veneração dos séculos. Nada mais era necessário para crescer a devoção dos povos para com esse grande santo. Os milagres que não cessavam um só dia, em grande número, aumentaram ainda.

Ó ilustre Antônio, arca do testamento, como devo me regozijar com vossa glória! Oh! sim, direi com São Boaventura, é bem fácil compreender quanto sois caro a Deus, quanto o amais! Arrependo-me de não vos ter melhor conhecido. Não tenho bastante glorificado aquele que o céu glorificou de maneira tão surpreendente. Oh! corno era justo que vossa memória não fosse enterrada no silêncio e no esquecimento, vós que não cessastes um instante de fazer conhecer e louvar a Deus, esquecendo o vosso eu; vós que trabalhastes com todas as forças para que eu participasse de vossa beatitude! Poderei dizer o mesmo de mim? Se partir agora desta terra, que deixarei após mim, senão exemplos de tibieza, infidelidade nos meus deveres, ambição, orgulho, e, quem sabe, escândalos funestos? Posso medir a extensão do mal que fiz com minha língua por maledicências, calúnias, maus conselhos, propósitos irreligiosos ou ao menos indiscretos? Que fiz para ensinar os outros a bendizer a Deus e servi-lo? Entretanto, a tudo isso era obrigado, como cristão, por minha posição e deveres; ao menos deveria fazê-lo por meus exemplos.


Exemplo

No momento em que Santo Antônio entregava a Deus sua bela alma, no convento de Pádua, apareceu em Verceli, ao padre abade dos beneditinos dessa cidade. Fora o abade seu mestre em alta teologia e na ocasião sofria cruelmente, desde muitos dias, de violento mal de garganta. Antônio apareceu-lhe subitamente: “Padre abade, disse-lhe, deixei minha cavalgadura em Pádua, e vou para a pátria”. Ao mesmo tempo aproximou-se do doente, tocou-lhe a garganta, curou-o e desapareceu. O abade pensou ter recebido a visita inesperada de Antônio; espantou-se somente que fosse tão curta. Saiu imediatamente da cela, percorreu o mosteiro, perguntando aos que encontrava onde estava o padre Antônio. “Ele acaba de sair de minha cela, exclamava o abade, depois de me ter curado do mal atroz de que eu sofria”. Os religiosos não duvidaram do milagre operado na pessoa de seu pai, porque sabiam que ele estava incapaz de pronunciar uma sílaba; mas nenhum deles vira o padre Antônio. Pouco depois, o superior e os religiosos souberam que o glorioso taumaturgo morrera na tarde de 13 de junho (1231), quer dizer, no dia e hora em que tivera lugar a bem-aventurada aparição.

Máxima de Santo Antônio: “Aquele que se deu por nós, nos dará todas as coisas”.


Oração

Bem-aventurado Antônio, vós, cuja língua abençoada ensinou aos homens a louvar a Deus, tende piedade da minha alma! Lembrai-vos, meu santo protetor, que não é unicamente por vós que Deus vos cobriu de tanta glória e poder; foi também por mim, para ensinar-me a recorrer a vós em todas as necessidades da alma ou do corpo, para esta vida e principalmente para a outra.

Santo Antônio, meu caro e bem amado pai, suplico-vos, tomai os interesses de minha alma, velai sobre mim nas tentações, ajudai-me nos combates, e, quando chegar o momento da morte, ficai junto de mim, para introduzir-me na morada bem-aventurada, onde poderei contemplar-vos e agradecer-vos no seio de Deus, perto de Maria, na companhia dos anjos e de todos os santos. Concedei-me também a graça particular que vos peço durante esta trezena. Assim seja.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.

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