terça-feira, 31 de maio de 2022

ORAÇÃO PELA FAMÍLIA


Glorioso Santo Antônio, defensor invicto das verdades católicas e da fé cristã, tesoureiro e dispensador de graças e milagres, com toda confiança imploro vosso patrocínio em favor de minha família.

Coloco-a em vossas mãos que seguraram o menino Jesus. Ajudai-a em suas necessidades temporais e, se não puderdes livrá-la de beber o cálice da dor e das amarguras, ao menos obtende-lhes o mérito da penitência e da resignação cristã. Salvai-a, principalmente, do, pecado.

Vós sabeis, caro santo, que os tempos atuais estão avassalados pelo indiferentismo e pela incredulidade; os escândalos e as blasfêmias triunfam na sociedade; ah! Que minha família não se perverta, mas, vivendo sempre fiel à Igreja de Jesus Cristo e aos seus santos ensinamentos, mereça um dia achar-se toda reunida no paraíso, para receber o prêmio dos justos. Amém.

terça-feira, 24 de maio de 2022

AFETUOSA PRECE A SANTO ANTÔNIO


Santo Antônio, cândido e suavíssimo lírio de virgindade, pérola preciosa da pobreza, espelho da abstinência, exemplar de pureza, astro brilhante de santidade, adorno do paraíso, coluna da Santa Igreja, pregador da graça, extirpador dos vícios, semeador das virtudes, consolador dos aflitos, chama ardentíssima de caridade e de amor de Deus, estrela brilhante das Espanhas, nova luz de Itália, astro resplandecente de Pádua, imitador do nosso pai S. Francisco, amante da paz e união, desprezador da humana vaidade, farol de santa fé católica, glorioso mártir de desejo, triunfador dos hereges, portentoso taumaturgo, abrigo seguro dos que a vós se refugiam.

Vós, ó santo Antônio, que merecestes estreitar em vossos braços o Filho de Deus altíssimo: vós acendestes com a vossa palavra chamejante nos corações dos pecadores o fogo do amor divino.

Eu, pois, miserável pecador, instantemente vos rogo que me tomeis sob o vosso patrocínio e me alcanceis verdadeiro arrependimento dos meus pecados, humilde conhecimento de mim mesmo, o dom das lá­grimas, piedosa atenção nas orações, abstenção de todo mal e o exercício da santa contemplação. Vós, que sois uma ardentíssima chama de amor divino, inflamai o meu coração tão frio e tépido com o fogo deste mesmo amor, de tal modo, que eu sempre despreze o mundo, a carne e o demônio. Amém.

segunda-feira, 23 de maio de 2022

TREZENA DE SANTO ANTÔNIO

 


SEXTO DIA


Eu vos saúdo, grande Santo Antônio, pai e protetor. Eis-me humildemente prostrado a vossos pés para pedir-vos intercedais por mim diante de nosso Senhor Jesus Cristo, para que ele se digne conceder-me, por vosso intermédio, a graça que desejo (pede-se a graça), se for da vontade de Deus, à qual me submeto inteiramente. Pe­ço-vos isso, amável santo, pela firme confiança que tenho em Deus, a quem servistes fielmente, e pela confiança que deposito em Maria, a quem tanto honrastes. Imploro-vos, pelo amor desse doce Jesus-menino, que carregastes em vossos braços. Suplico-vos, por todos os favores que ele vos concedeu neste mundo, pelos prodígios sem número que Deus operou e continua a operar diariamente por vossa intercessão. Peço-vos, enfim, pela grande confiança que tenho em vossa proteção. Assim seja.


Caridade de Santo Antônio

Uma alma que vai ao encalço de Deus não para nunca; com os olhos fixos no céu, não vê obstáculos e, se acontece a tribula­ção atingi-la, exclama com São Paulo: Superabundo de alegria no meio de minhas tribulações. Que pode desanimar uma alma enamorada do amor de Deus? Santo Antônio era uma dessas almas. Cheio de compaixão pelos pobres pecadores, caminha para eles sem desfalecimentos, e a misericórdia que lhes testemunha reconcilia-os com Deus, e ganha-os definitivamente. A caridade e urgentes solicitações triunfam dos corações mais endurecidos. Os fracos, os hesitantes os aflitos acham sempre nele um pai, um amigo, um consolador. Sua paciência no augusto ministério da confissão é inesgotável. Nada o demove. A saúde, embora fraca e delicada, não o priva de aí passar uma grande parte de seu tempo; em compensa­ção, a confiança que depositam em sua direção opera prodígios.

Um dia, um pobre pecador estava tão sufocado pela emoção e arrependimento de seus pecados, que lhe era impossível proferir uma só palavra. O benfeitor lhe aconselhou, então, de trazer os pecados por escrito. O penitente obedeceu, mas quando o homem de Deus recebeu o papel das mãos do penitente, a escrita tinha desaparecido; estava tão limpo o papel, como se nada tivesse escrito! (Bol.; Vit. Ant. c. 13).

Que alegria para a alma desse homem, ouvir o santo dizer: “Ide em paz, meu irmão, Deus tudo perdoou”.

Ó caridoso médico das almas, Santo Antônio, vosso zelo em ouvir os pecadores prova o quanto os amais. Apesar de vossas enfermidades e numerosas fadigas, passais dias inteiros a reconciliá-los com Deus; e eu, coberto de pecados, culpado diante de Deus e dos homens, difiro, rebato, para não me incomodar, e também por indiferença. Queixo-me de esperar alguns momentos para receber meu perdão, que Jesus Cristo mereceu-me depois de trinta e três anos de trabalhos. Para recobrar a saúde do corpo, ganhar um processo, colocar-me honradamente, adquirir a estima do mundo, fatigo-me de manhã à noite, tomo remédios amargos, submeto-me a operações dolorosas, faço sacrifícios de dinheiro e amor próprio; e, para purificar minha alma, para ganhar o céu, hesito, lastimo o tempo perdido, temo um instante de confusão e recuso os remédios.


Exemplo

Havia quatro séculos que Santo Antônio de Pádua ilustrava o mundo com seus milagres, quando uma senhora de Bolonha, sem filhos, sabendo dos numerosos benefícios do taumaturgo, suplicou-lhe ter piedade dela, e acabar com o longo castigo de sua esterilidade.

Uma noite, e num sonho misterioso, o santo apareceu-lhe e disse: “Ide nove terças-feiras seguidas visitar a igreja dos frades menores. Fazei aí a santa comunhão, e vossos desejos serão realizados”. Ela seguia prescrição do santo, e ele, por sua vez mostrou-se fiel à promessa que fizera.

Máxima de Santo Antônio: “Os pecados dos cristãos serão cobertos de confusão maior que os dos judeus e dos pagãos”.


Oração

Santo Antônio de Pádua, amigo dos pecadores, por que não vos invoqueis há mais tempo para obter a cura de minha alma da dor dos meus pecados? suplico-vos, fazei que para o futuro tema o pecado, evite as ocasiões, e que se, por desgraça, recair em meus maus costumes, ao menos não permaneça no mal. Sou tão fraco que tudo temo; mas se vos dignais velar por minha alma, parece-me que então poderei perseverar. Meu santo protetor, será inutilmente que a vós me recomendo e o nome de Antônio não será ainda hoje como outrora terrível ao inferno, poderoso no céu e aben­çoado na terra? Por piedade, consenti que insista junto de vós, para merecer este favor, que solicito durante estes treze dias. Assim seja.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.

TREZENA DE SANTO ANTÔNIO

 


QUINTO DIA


Eu vos saúdo, grande Santo Antônio, pai e protetor. Eis-me humildemente prostrado a vossos pés para pedir-vos intercedais por mim diante de nosso Senhor Jesus Cristo, para que ele se digne conceder-me, por vosso intermédio, a graça que desejo (pede-se a graça), se for da vontade de Deus, à qual me submeto inteiramente. Pe­ço-vos isso, amável santo, pela firme confiança que tenho em Deus, a quem servistes fielmente, e pela confiança que deposito em Maria, a quem tanto honrastes. Imploro-vos, pelo amor desse doce Jesus-menino, que carregastes em vossos braços. Suplico-vos, por todos os favores que ele vos concedeu neste mundo, pelos prodígios sem número que Deus operou e continua a operar diariamente por vossa intercessão. Peço-vos, enfim, pela grande confiança que tenho em vossa proteção. Assim seja.


Zelo apostólico de Santo Antônio

Santo Antônio, morto a si mesmo pela humildade, vivendo pela obediência aos superiores, agindo pelo amor de Deus, levado ao próximo pela caridade, devia naturalmente estar animado de verdadeiro zelo apostólico. Para livrar as almas do inferno, nada lhe custa; não se cansa de pregar, castiga o corpo pelos que não o fazem, chora pelos que não choram; humilha-se pelos que se não humilham; perdoa pelos que não perdoam e obedece pelos que não obedecem. Seus amigos são os fracos e os aflitos. Cheio de bondade para com os humildes, é entretanto sem piedade para os orgulhosos; como o divino Mestre, ameaça-os com a cólera divina! A exemplo do seráfico pai, quer, com os maiores sacrifícios, ganhar almas, muitas almas para Deus! Para chegar a esse resultado, far-se-á todo para todos, como o grande apóstolo. Não é isso bastante? Pede aos céus prodígios para tocar os corações. Todos lhe obedecem, sua palavra brilhante, poderosa, é como um gládio de pontas afiadas; atinge até à divisão da alma e do espírito. Sua caridade tornou-se também útil a todos. Quem poderia contar quantos pecadores lhe devem a salvação! e em quantos corações acendeu as chamas do amor divino!... Não é sem razão que a piedade dos povos chama santo Antônio de: homem apostólico.

Ó grande santo Antônio, vós vos esquecestes a vós, para só pensardes nos interesses dos outros! compenetrado do preço de uma alma, daríeis vossa vida para ganhá­-la a Deus. Não contente de fazer ouvir a palavra divina, ofereceis diariamente, pelos pecadores, o sacrifício de vós mesmo, pela mortificação e penitência. Considerando vosso zelo, deploro minha culpada indiferença. Coloco sempre os interesses temporais acima dos espirituais; só sinto aborrecimento e fadiga na oração e mortificação; ouço a palavra de Deus apenas por curiosidade e com bastante frieza. Faço sacrifícios pela terra e nada pelo céu.


Exemplo

Um dia, em Tolosa, um rico e poderoso incrédulo, chamado Guiald, teve longa discussão com Santo Antônio, sobre o dogma, para ele inadmissível, da presença real de nosso Senhor na Eucaristia! “Que! replicou o homem de Deus, o muçulmano crê na palavra de Maomé; o filósofo, no testemunho de Aristóteles, e vós, cristão, recusais crer na afirmação tão nítida e tão luminosa do Homem-Deus!” - Crer não basta, respondeu o incrédulo, queria ver! Irmão Antô­nio, disse ao apóstolo, se puderdes demonstrar por um fato sensível o que demonstrais pela razão, abjurarei as minhas crenças e abraçarei a vossa. Aceitais a proposta? - Certamente, respondeu o santo. – Tenho uma mula, continua o herege, prendê-la-ei e deixá-la-ei em jejum durante três dias. No fim desse tempo levá-la-ei à praça pública, em presença de todos, e lhe apresentarei a ração de aveia. Por vosso lado, lhe mostrareis a hóstia que, segundo as vossas palavras, contém o corpo do Homem-Deus. Se a mula rejeitar a aveia para ajoelhar-se diante da hóstia, eu me declararei católico.

No dia marcado, na praça, entre as zombarias de uns e apreensões de outros, apareceu o apóstolo com o Santíssimo Sacramento e o herege com a mula. Era solene o momento. Antônio impôs silêncio, e, virando-se para o animal, lhe disse: “Em nome de teu Criador, que trago, embora indigno, em minhas mãos, conjuro-te e ordeno-te, ó ser desprovido da razão, a vir imediatamente prosternar-te diante dele, para que os hereges reconheçam, por esse ato, que toda a criação está sujeita ao Cordeiro que se imola sobre nossos altares”. Ao mesmo tempo ofereceram à mula o que reclamava seu estômago, e ela, dócil à voz do taumaturgo, sem tocar na aveia, avança, dobra os joelhos diante do Santíssimo Sacramento, em atitude de adoração. A vitória do santo foi completa. O herege confessou lealmente suas faltas, e, fiel à palavra que empenhara, abjurou publicamente seus erros.

Máxima de Santo Antônio: “Embora Deus seja paciente, porque é bom, pune, entretanto, porque é justo”.


Oração

Ó meu bem amado protetor Santo Antônio, suplico-vos, pelo zelo da salvação das almas, que vos fez suportar tantas fadigas, obtende-me um verdadeiro ardor para trabalhar na minha salvação. Fazei-me compreender a rapidez do tempo, a vaidade do mundo, a malícia do pecado e os bens do céu. Sereis, hoje, menos zeloso da glória de Deus e do bem das almas do que o fostes durante vossa vida terrestre? Sereis menos poderoso para tocardes os corações e esclarecerdes os espíritos? A confiança que em vós deposito poderá tornar-se enganadora e sem resultado? Não, grande santo, como testemunho do contrário, tenho a palavra do Responsório que me garante que, se para salvar-me fora preciso um milagre, a vós deveria recorrer. Peço-vos então este prodígio, assim como o favor que constitui objeto especial desta trezena. Assim seja.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.

TREZENA DE SANTO ANTÔNIO

 


QUARTO DIA


Eu vos saúdo, grande Santo Antônio, pai e protetor. Eis-me humildemente prostrado a vossos pés para pedir-vos intercedais por mim diante de nosso Senhor Jesus Cristo, para que ele se digne conceder-me, por vosso intermédio, a graça que desejo (pede-se a graça), se for da vontade de Deus, à qual me submeto inteiramente. Pe­ço-vos isso, amável santo, pela firme confiança que tenho em Deus, a quem servistes fielmente, e pela confiança que deposito em Maria, a quem tanto honrastes. Imploro-vos, pelo amor desse doce Jesus-menino, que carregastes em vossos braços. Suplico-vos, por todos os favores que ele vos concedeu neste mundo, pelos prodígios sem número que Deus operou e continua a operar diariamente por vossa intercessão. Peço-vos, enfim, pela grande confiança que tenho em vossa proteção. Assim seja.


Obediência de Santo Antônio

A obediência é a pedra de toque da verdadeira humildade. Quanto mais uma a1ma se despreza, mais agrada a Deus, e mais facilmente se submete às ordens dos que o representam. É o que nos mostra santo Antônio. Apesar do grande atrativo para a vida humilde e escondida, à voz da obediência, renunciava sem hesitação a seus desejos, revelava seus talentos e corria aonde os superiores o chamavam. Foi a essa dependência absoluta antes que aos talentos, que se atribuíram todas as maravilhas de sua vida apostólica. Deus disse: O homem obediente caminhará de vitória em vitória. Santo Antônio esforçava-se também na prática dessa virtude; foi à África procurar o martírio por obediência; voltou à Itália por obediência; ficou escondido por obediência; se prega, se ensina teologia, se compõe obras, é ainda por obediência; se exerce o cargo de guardião ou de provincial, é sempre por obediência. De uma parte fundado sobre a humildade, não se julga bom para nada; dirigido pela obediência, sente-se capaz de tudo empreender, de tudo fazer. Eis o verdadeiro santo, eis o único meio de fazer frutificar o talento que Deus nos confia; eis o caminho mais curto para chegar ao céu.

Ó feliz Antônio, modelo de obediência, tesouro de perfeição; não vos credes bom senão para obedecer; só estimais a dependência e a submissão; e eu, com todos os meus defeitos, estou cheio de presunção e apegado às minhas ideias. Revolto-me contra a dependência e, se obedeço, é só imperfeitamente. Meu santo protetor, serei mais tempo joguete de meu amor próprio, escravo de minhas vontades? Quanto tempo perdido, a quantos prazeres me entreguei inutilmente, sem proveito para os outros, sem sucesso para mim, porque minhas ações não eram dirigidas pela obediência!


Exemplo

Achava-se um dia Santo Antônio na cidade de Rimini, na Romagna, procurando um meio de levar a Deus as multidões que as paixões desgarravam. Implorou a proteção do Criador e fez sinal ao povo de segui-lo à praia e conduziu-o à embocadura do rio Marecchia. Aí, voltando-se para o Adriático, clamou em alta voz: “Peixes dos rios, peixes do mar, ouvi. Quero anunciar-vos a palavra de Deus, uma vez que os heréticos recusam ouvi-la...” À sua voz as ondas agitaram-se; inúmeras tribos desses habitantes, que povoam o mar, correram para aquele que os tinha chamado. “Meus irmãos peixes, disse-lhes o taumaturgo, deveis ao Criador um reconhecimento sem medida. Foi ele que vos designou para morada esses imensos reservatórios. Foi ele que vos deu essa casa nas profundezas das águas, para refúgio na tempestade; deu-vos nadadeiras para irdes aonde quiserdes e vos forneceu a comida de cada dia. Criando-vos, ordenou de crescerdes e multiplicar-vos e abençoou-vos. No dilúvio universal, enquanto os outros animais pereciam nas águas, conservou-vos. Fez-vos a honra de escolher-vos para salvar o profeta Jonas, fornecer o tributo do Filho do Homem e servir-lhe de alimento antes e depois da sua ressurreição.

Louvai e abençoai ao Senhor, que vos favoreceu entre todos os seres da criação”. Atentos, como se fossem dotados de inteligência, os peixes testemunhavam por movimentos que tinham prazer em ouvir o santo e queriam dar a Deus o mudo tributo de suas adorações.

“Vede, exclamou Santo Antônio, voltando-se para os heréticos, admirai como criaturas privadas da razão ouvem a palavra de Deus com mais docilidade que os homens criados à sua imagem e semelhan­ça!”.

Máxima de Santo Antônio: “A verdadeira obediência é humilde, devota, diligente, jovial e perseverante”.


Oração

Santo Antônio, eis a vossos pés um miserável orgulhoso que até hoje só quis sujeitar-se a si. É com inteira confiança que venho pedir-vos para obter-me, pelos méritos de vossa obediência, mais esta virtude em que tanto sobressaístes e sem a qual não posso agradar a Deus. Reconheço hoje que a minha vontade própria é o maior obstá­culo que encontro no caminho da perfeição. O exemplo de Jesus obediente deveria fazer-me compreender mais depressa a necessidade do desprendimento e da obediência. Confesso-me bem culpado e sem desculpa. Meu santo protetor, rogai por mim; fazei também que, por vosso intermédio, obtenha a graça que reclamo, especialmente durante esta trezena. Assim seja.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.

TREZENA DE SANTO ANTÔNIO

 


TERCEIRO DIA


Eu vos saúdo, grande Santo Antônio, pai e protetor. Eis-me humildemente prostrado a vossos pés para pedir-vos intercedais por mim diante de nosso Senhor Jesus Cristo, para que ele se digne conceder-me, por vosso intermédio, a graça que desejo (pede-se a graça), se for da vontade de Deus, à qual me submeto inteiramente. Pe­ço-vos isso, amável santo, pela firme confiança que tenho em Deus, a quem servistes fielmente, e pela confiança que deposito em Maria, a quem tanto honrastes. Imploro-vos, pelo amor desse doce Jesus-menino, que carregastes em vossos braços. Suplico-vos, por todos os favores que ele vos concedeu neste mundo, pelos prodígios sem número que Deus operou e continua a operar diariamente por vossa intercessão. Peço-vos, enfim, pela grande confiança que tenho em vossa proteção. Assim seja.


Humildade de Santo Antônio

Desejar ser ignorado e reputado por pouco é a perfeição da humildade. Abaixar-se em todas as coisas, e colocar-se abaixo de todos para crescer diante de Deus, morrer a si mesmo, para fazer triunfar a glória de Deus: tal é o sublime ideal que seguirá Santo Antônio. Não podendo receber o martírio do sangue, devotar-se-á sem medida ao martírio da renúncia. Escondeu seus talentos com tanto cuidado, que durante muito tempo os confrades olharam-no quase como um ignorante. Tão reservado era na conversação, que passava por imbecil, e só lhe confiavam os empregos mais vulgares do convento. Enfim, mais por piedade que por satisfação, o padre guardião do convento de Monte Paulo encarregou-o da lavagem da louça e da limpeza da casa. Santo Antônio tudo aceitou sem dizer palavra sobre sua origem e sem a menor alusão aos vastos conhecimentos teológicos recebidos. Conhecer Jesus, e Jesus crucificado, amá-lo, unir-se-lhe, era sua única ambição.

Perfeito discípulo de Jesus Cristo e do patriarca São Francisco, Antônio de Pádua, todas as gerações admirarão vossa profunda humildade. Ornado de todos os dons da natureza e da graça, vos acháveis incapaz de ser útil aos outros e escolhíeis sempre o último lugar. Satisfeito com o olhar de Deus, evitáveis os louvores humanos. Oh! que contraste admirável com minha conduta; como temo examinar-me! Como posso nutrir tanto orgulho, com tamanhos defeitos, enquanto que vós, cheio de méritos, não vedes ninguém abaixo de vós? Também, estou castigado do meu orgulho e presunção, por minhas recaídas contínuas e pela ausência de todo favor celeste!


Exemplo

Os fariseus, confundidos por Cristo Jesus, maquinaram sua morte. Assim fizeram os heréticos de Romagna, em relação a Santo Antônio de Pádua. Vencidos pelo taumaturgo, resolveram vingar-se, insultando-o. Para isso, convidaram-no para um jantar e lhe ofereceram uma bebida envenenada. Por inspiração divina, o santo conheceu o perigo que lhe estava reservado e repreendeu-os severamente. Não desanimaram e juntaram a crueldade às zombarias, dizendo: “Credes ou não no Evangelho? Se nele credes, por que duvidais da promessa do vosso Mestre: Meus discípulos expulsarão os demônios e os venenos não lhes farão mal? Se não credes no Evangelho, por que o pregais? Tomai, tomai o veneno, e, se ele não vos fizer mal, juramos abraçar a fé católica”. – “Eu o farei, replicou Santo Antônio, não para tentar a Deus, mas para provar-vos quanto é do meu desejo a salvação de vossas almas e o triunfo do Evangelho”. Fazendo o sinal da cruz sobre a bebida envenenada, tomou-a sem sofrer a menor indisposição. Os heréticos por sua vez foram fiéis ao juramento e entraram no
grêmio da Igreja.

Máxima de Santo Antônio: “A humildade é o começo das boas ações, como o botão é o começo da flor”.


Oração

Meu santo protetor, glorioso Santo Antônio, dignais-vos pedir por mim. Se Deus nada recusa às almas humildes, obtende-me a graça da humildade, que é o fundamento de todas as Virtudes. Se até hoje minha vida nada mais foi que continuas recaídas, compreendo, foi em consequência de meu orgulho; se sou tão pouco paciente, tão pouco caridoso, tão pouco obediente, é ainda por causa de meu orgulho. Espero em vós, grande santo; ajudai-me a corrigir-me desse incrível defeito, e não me recuseis vossa assistência pela graça que vos solicito durante esta trezena.

Santo Antônio, desejo imitar-vos. Assim seja.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.

TREZENA DE SANTO ANTÔNIO

 


SEGUNDO DIA


Eu vos saúdo, grande Santo Antônio, pai e protetor. Eis-me humildemente prostrado a vossos pés para pedir-vos intercedais por mim diante de nosso Senhor Jesus Cristo, para que ele se digne conceder-me, por vosso intermédio, a graça que desejo (pede-se a graça), se for da vontade de Deus, à qual me submeto inteiramente. Pe­ço-vos isso, amável santo, pela firme confiança que tenho em Deus, a quem servistes fielmente, e pela confiança que deposito em Maria, a quem tanto honrastes. Imploro-vos, pelo amor desse doce Jesus-menino, que carregastes em vossos braços. Suplico-vos, por todos os favores que ele vos concedeu neste mundo, pelos prodígios sem número que Deus operou e continua a operar diariamente por vossa intercessão. Peço-vos, enfim, pela grande confiança que tenho em vossa proteção. Assim seja.


Vocação franciscana de Santo Antônio

Santo Antônio amou a Deus por Deus. Não se deixou prender a essas suavidades que a tibieza nos leva a procurar nos prazeres sensíveis e mesmo nos exercícios espirituais, o que faz com que não se encontre Deus, porque a alma dele se afasta. Vida por vida, alma por alma, amor por amor, imolação total de si mesmo para glória de Deus: era a divisa de Antônio.

Ora, enquanto ele estava no convento de Santa Cruz, levaram com grande pompa as relíquias de cinco franciscanos que tinham regado com seu sangue as terras da África. Ninguém mais do que ele se enterneceu com o esplendor dessas festas. “Oh! exclamava, contemplando os preciosos despojos. Oh! se o Altíssimo se dignasse associar-me a seus gloriosos sofrimentos! Se me fosse dado ser perseguido pela fé, dobrar o joelho e oferecer minha cabeça ao carrasco. Fernando, esse dia brilhará para ti? Fernando, terás essa felicidade?” Não se contém mais; sua alma, jovem, inocente, generosa, toda abrasada de amor por Deus e o desejo do céu, só tem uma ambição - o martírio, quer dizer, testemunhar a Deus seu amor pelo sacrifício de sua vida no meio dos tormentos. Mas como conseguir isso?

Os santos mártires ouviram os suspiros do jovem e, para responder-lhe, enviaram religiosos de são Francisco, aos quais poderia falar dos seus projetos.

“Desejo com todo o ardor de minha alma, disse-lhes confidencialmente, tomar o hábito de vossa ordem. Estou pronto a tudo fazer, com a condição de, depois de me terdes revestido das librés da penitência, me enviardes ao país dos sarracenos, para que eu também mereça ter parte na coroa de vossos santos mártires”.

A aprovação não se fez esperar.

Dom Fernando foi recebido de braços abertos na ordem de são Francisco, com o nome de Antônio. Os superiores tiveram palavra. Admitiram-no, após o noviciado, à profissão, e enviaram-no às plagas inóspitas da África, onde são Berardo e seus companheiros receberam a coroa do martírio. Mas Deus reservava a Antônio outra glória. Queria fazer dele uma vítima do amor divino e destinava-o a propagar a ordem seráfica.

Ó verdadeiro herói da cruz de Jesus Cristo, Santo Antônio, vossa conduta condena minha lassidão! Caminhais de virtude em virtude; sem considerar o que já fizestes por Deus, não olhais senão o que de mais perfeito vos resta fazer. Quereis Deus por Deus, sem procurar o amor próprio. Longe de desfalecerdes em vosso fervor e generosidade, estudais todos os meios capazes de aumentá-los. Ides então ao altar imolar-vos, vítima puríssima; vosso exemplo servirá de aguilhão à minha preguiça, e vosso fervor dissipará minha indiferença. Contemplando-vos, tomarei sentimentos de generosidade. Deus só! será minha divisa, e sua soberana vontade, minha regra de conduta.


Exemplo

Um jovem noviço, cedendo a um pensamento de desânimo, resolveu voltar ao mundo. Perder a vocação é sempre uma desgraça e às vezes desastre irreparável. Santo Antônio foi advertido, por uma revelação, da tentação e das angústias do jovem noviço. Procurou-o, encorajou-o e disse-lhe, soprando-lhe na boca: “Recebe o espírito de força e sabedoria”. Imediatamente o noviço caiu como morto, enquanto sua alma em êxtase era transportada ao céu. Quando recuperou os sentidos, quis contar o que vira, mas o santo lho proibiu. A tentação desapareceu e o noviço tornou-se religioso exemplar.

Máxima de Santo Antônio: “Quem não pode fazer grandes coisas, faça ao menos o que estiver na medida de suas forças; certamente não ficará sem recompensa”.


Oração

Meu amado protetor, Santo Antônio, em consideração de vosso heroico amor a Deus e do ardente desejo do martírio que vos abrasava, peço-vos obter-me força, coragem e resignação para suportar, ao menos com paciência e sem queixa, as provações e as adversidades que forem da vontade do céu enviar-me. Aceito-as em expiação de meus pecados; espero, com o socorro de vossas preces, ser mais generoso e constante em minhas boas resoluções. Renovo-vos ainda o pedido especial pelo qual comecei esta trezena. Assim seja.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.

TREZENA DE SANTO ANTÔNIO

 



Obs. sobre a trezena: Concede-se indulgência plenária cada vez (sob as condições ordinárias) para os que fazem as treze terças-feiras consecutivas, ou treze domingos (S. C. 1898).

Indulgência plenária também em cada terça-feira do ano, para todos os fiéis que, verdadeiramente contritos, tendo-se confessado e comungado, visitarem uma igreja franciscana durante a exposição do Santíssimo Sacramento, e rezarem pelas intenções do Sumo Pontífice. (S. C. 1894)

PRIMEIRO DIA

Eu vos saúdo, grande Santo Antônio, pai e protetor. Eis-me humildemente prostrado a vossos pés para pedir-vos intercedais por mim diante de Nosso Senhor Jesus Cristo, para que ele se digne conceder-me, por vosso intermédio, a graça que desejo (pede-se a graça), se for da vontade de Deus, à qual me submeto inteiramente. Pe­ço-vos isso, amável santo, pela firme confiança que tenho em Deus, a quem servistes fielmente, e pela confiança que deposito em Maria, a quem tanto honrastes. Imploro-vos, pelo amor desse doce Jesus-menino, que carregastes em vossos braços. Suplico-vos, por todos os favores que ele vos concedeu neste mundo, pelos prodígios sem número que Deus operou e continua a operar diariamente por vossa intercessão. Peço-vos, enfim, pela grande confiança que tenho em vossa proteção. Assim seja.


Radiosa infância de Santo Antônio

Santo Antônio de Pádua, o grande taumaturgo, o glorioso filho de São Francisco de Assis, nasceu em Lisboa, no dia 15 de agosto de 1195. Pertencia, pelo lado paterno, à ilustre família de Godofredo de Bulhões e, pelo lado de sua mãe, Maria Teresa de Távora, à família real das Astúrias. Educado com particular cuidado por mãe piedosíssima, triunfou do demônio desde a mais tenra idade, e consagrou-se ao Senhor.

Completando dez anos, entrou no colé­gio dos cônegos da catedral, onde se fez admirar por sua piedade angélica. Aos quinze anos, renunciando às vantagens do mundo, entregou-se sem reserva ao serviço de Deus, em um convento de cônegos de santo Agostinho, em sua cidade natal. Surpreendeu-os pelo gênio precoce e edificou-os pelas virtudes raras. Apaixonado pela oração, não podia entregar-se a ela com todo o ardor de sua piedade, pelas frequentes visitas dos parentes e amigos. Pediu e obteve dos superiores autorização de se retirar para o convento mais solitário de Santa Cruz de Coimbra, onde passou dez anos no exercí­cio de todas as virtudes religiosas. O tempo que lhe sobrava da observância regular, consagrava-o à meditação e ao estudo dos livros santos. Dotado de prodigiosa memória, detinha tudo que lia. Foi na leitura assídua da divina palavra que aqueceu o coração para oferecê-lo ao Senhor, abrasado de amor. Dócil às inspirações da graça, aplicava-se a conhecer e procurar tudo que poderia ser agradável a Deus, sem ouvir as resis­tências da natureza, as mentiras do espírito das trevas nem as ilusões dos sentidos.

Como boa árvore plantada em terra fértil, Fernando de Bulhões crescia e adornava-se para dar frutos abundantes no tempo preciso.

Como sois feliz, ó Santo Antônio, por terdes compreendido tão cedo que não era demasiado empregar toda a vida a servir a um Deus que não cessa um instante de nos amar; estou convencido de que, quem recusa os primeiros anos ao Criador, recusa-lhe a mais bela e a melhor parte que possui. Como vos felicitais agora de não terdes ou­vido a voz enganadora do mundo, que vos afastava de vossos projetos. Se, em vez de vos consagrardes a Deus sem reserva, se­guísseis os conselhos dos pérfidos amigos, ah! não poderíeis ser hoje meu protetor! Agradeço-vos, amável santo, por tudo o que fizestes por Deus, porque o fizestes por mim. Deploro os anos perdidos, as graças recusadas, e espero, com vosso auxílio, mostrar-me mais fiel para o futuro.


Exemplo

Um dia, durante os primeiros anos de sua vida, o jovem Fernando rezava, com as mãos postas, diante da imagem da Santíssima Virgem. Súbito, o demônio, invejoso da beleza de sua alma, apareceu-lhe sob uma forma horrenda, ameaçadora, procurando afastá-lo de Maria. O menino, lembrando-se do que havia aprendido sobre o poder do sinal da cruz, traçou-o imediatamente sobre o mármore onde estava ajoelhado. Oh! maravilha! A pedra tornou-se flexível sob essa pressão e recebeu a marca da cruz, mais terrível que o raio para expulsar o espírito mau. O tempo não o apagou e ainda hoje os peregrinos beijam esse vestígio, inapagável, do primeiro prodígio de santo Antônio de Pádua.

Máxima de Santo Antônio: “É santo quem faz todas as ações com número, peso e medida”.


Oração

Suplico-vos, grande santo, em consideração de vossa fidelidade em seguir os atrativos da graça, e pelos méritos das virtudes que praticastes no século e no claustro, obterdes-me de Deus a docilidade às boas inspirações e força para resistir aos combates da carne e às seduções do mundo. Espero poder recuperar, por minha fidelidade, o tempo perdido. Peço-vos também obterdes-me a graça particular esperada por intermédio desta trezena. Assim seja.

Pai-Nosso, Ave-Maria, Glória.

LADAINHA DE SANTO ANTÔNIO

 



Kyrie eleison.

Christe eleison.

Kyrie eleison.

Christe, audi nos.

Christe, exaudi nos.

Pater de caelis Deus, miserere nobis.

Fili, Redemptor mundi Deus,...

Spiritus Sancte Deus,...

Sancta Trinitas unus Deus,...


Sancte Antoni Paduane, ora pro nobis.

Intime divini Pueri,..

Serve Matris inviolatae,...

Fili sancti Francisci fidelis,...

Vir sanctae orationis,...

Amice paupertatis,...

Lilium castitatis,...

Exemplar obedientiae,...

Amator vitae absconditae,...

Contemptor humanae gloriae,...

Rosa caritatis,...

Speculum omnium virtutum,...

Sacerdos juxta Cor Altissimi,...

Imitator Apostolorum,...

Martyr desiderio,...

Columna Ecclesiae,...

Zelator animarum,...

Propugnator fidei,...

Doctor veritatis,...

Insectator falsitatis,...

Arca Testamenti,...

Tuba Evangelii,...

Conversor peccatorum,...

Extirpator criminum,...

Restaurator pacis,...

Reformator morum,...

Triumphator cordium,...

Auxiliator afflictorum,...

Terror daemonum,...

Suscitator mortuorum,...

Restitutor rerum perditarum,...

Thaumaturge gloriose,...

Sancte orbis universi,...

Decus Minorum Ordinis,...

Laetitia caelestis curiae,...

Patrone noster Amabilis,...


Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, parce nobis, Domine.

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, exaudi nos, Domine.

Agnus Dei, qui tollis peccata mundi, miserere nobis.


V. Ora pro nobis, beate Antoni.

R. Ut digni efficiamur promissionibus Christi.

Oremus. Ecclesiam tuam, Deus, beati Antonii Confessoris tui deprecatio votiva laetificet: ut spiritualibus semper muniatur auxiliis, et gaudiis perfrui mereatur aeternis. Per Christum Dominum nostrum.

R. Amen.




Senhor, tende piedade de nós.

Cristo, tende piedade de nós.

Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.

Jesus Cristo, atendei-nos.


Deus Pai dos céus, tende piedade de nós.

Deus Filho, Redentor do mundo,...

Deus Espírito Santo,...

Santíssima Trindade, que sois um só Deus,...


Santo Antônio de Pádua, rogai por nós.

Íntimo amigo do menino-Deus,...

Servo da Mãe Imaculada,...

Fidelíssimo filho de São Francisco,...

Homem da santa oração,...

Amigo da pobreza,...

Lírio da castidade,...

Modelo da obediência,...

Amante da vida oculta,...

Desprezador das glórias humanas,...

Rosa da caridade,...

Espelho de todas as virtudes,...

Sacerdote segundo o Coração do Altíssimo,...

Imitador dos Apóstolos,...

Mártir pelo desejo,...

Coluna da Igreja,...

Zeloso amante das almas,...

Propugnador da fé,...

Doutor da verdade,...

Batalhador contra a falsidade,...

Arca do Testamento,...

Trombeta do Evangelho,...

Convertedor dos pecadores,...

Extirpador dos crimes,...

Restaurador da paz,...

Reformador dos costumes,...

Triunfador dos corações,...

Auxiliador dos aflitos,...

Terror dos demônios,...

Ressuscitador dos mortos,...

Restituidor das coisas perdidas,...

Glorioso taumaturgo,...

Santo do mundo inteiro,...

Glória da ordem dos menores,...

Alegria da corte celeste,...

Nosso Amável padroeiro,...


Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.


V. Rogai por nós, santo Antônio.

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos. Alegre, Senhor Deus, a vossa Igreja a solenidade votiva de Santo Antônio, vosso confessor, para que sempre se ache fortalecida com socorros espirituais e mereça alcançar os gozos eternos. Pelos merecimentos de Jesus Cristo nosso Senhor. 

R. Amém.

PIEDOSA ANTÍFONA A SANTO ANTÔNIO

 


Clara estrela das Espanhas,
Ó pérola da pobreza,
Antônio, ó pai da ciência,
Modelo da pureza.


Da Itália vós sois a luz,
Sábio doutor da verdade,
Brilhais, qual sol, por portentos,
Na paduana cidade.

V. Pregador egrégio, santo Antônio, rogai por nós.
R. Para que, por vossa intercessão, alcancemos os gozos da vida eterna.

Oremos. - Nós vos suplicamos, Senhor, que a oração devota e contínua de vosso preclaro confessor Antônio auxilie ao vosso povo, tornando-nos dignos, atualmente, de vossa graça, e dando-nos no futuro os vossos eternos gozos. Por Cristo nosso Senhor. Amém.

quinta-feira, 19 de maio de 2022

A IMACULADA CONCEIÇÃO

 

Segundo a Escritura Sagrada[1]


Às provas teológicas, conformes ao bom senso, ao raciocínio e à tradição do mundo cristão, é preciso juntar as provas bíblicas.

Os protestantes só acreditam na Bíblia.

Sem refutar o que há de irracional nesta asserção, pode-se dizer que, segundo o testemunho da própria Bíblia, todas as verdades não estão contidas na Bíblia.

É para refutar de antemão os futuros protestantes que São João termina o seu Evangelho com estas palavras: Muitas outras coisas há que fez Jesus, as quais, se se escrevessem uma por uma, creio que nem no mundo todo poderia caber os livros que seria preciso escrever (S. João 21, 25).

É apenas uma hipérbole empregada pelo Evangelista para mostrar que, além do que está escrito, Jesus fez e ensinou ainda muitas coisas.

Estas coisas não escritas foram recolhidas e transmitidas pelos Apóstolos aos seus sucessores, e mais tarde foram escritas pelos primeiros Doutores da Igreja, em caráter não-inspirado, por iniciativa particular.

É o que São Paulo chama a tradição.

Conserve as tradições que aprendestes ou por nossas palavras ou nossa carta (2Tes. 2, 15).

Tal tradição é unânime em afirmar a Imaculada Conceição, como mostrarei adiante, limitando-me aqui em procurar a sua base na Sagrada Escritura, que os amigos protestantes aceitarão mais facilmente que as provas teológicas.

I. As provas Bíblicas

Uma verdade pode ser revelada na Bíblia de dois modos: explicitamente e implicitamente.

Uma verdade está explicitamente na Sagrada Escritura quando, sem raciocínio, tal verdade se apresenta claramente ao espírito, por exemplo: Maria de quem nasceu Jesus: - é a revelação explícita da maternidade divina da Virgem Santa.

À primeira vista qualquer pessoa compreende que tal expressão significa que Maria é mãe de Jesus.

Uma verdade pode ser revelada também implicitamente, quando ela está contida em outra verdade claramente revelada, podendo-se, pelo raciocínio, deduzi-la desta verdade.

Por exemplo: Maria é Mãe de Jesus.

Ora, uma Mãe é uma Medianeira nata perto do Filho.

Logo, Maria é Medianeira entre Jesus Cristo e os homens.

A mediação universal da Virgem Imaculada é pois uma verdade contida implicitamente no texto citado no Evangelho.

A Imaculada Conceição não é revelada explicitamente, mas o é implicitamente, como consequência de verdades explicitamente reveladas.

São estas verdades que devemos estudar aqui, para depois completa-las pelo testemunho explícito da tradição dos primeiros séculos.

Procuremos uma prova sólida da Imaculada Conceição na própria obra da encarnação.

A obra da Encarnação, no plano divino, inclui Maria e inclui a sua alma, a sua pessoa e por conseguinte a sua Conceição.

Maria Santíssima é Mãe de Jesus Cristo; e é Mãe Virgem.

O anjo Gabriel foi enviado... a uma Virgem (Luc. 1, 26).

Eis que não conheço varão (Ibid. 34).

O Espírito Santo descerá sobre ti (Ibid. 35).

A virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra.

A maternidade virginal de Maria é uma verdade explicitamente revelada.

Ora, a mesma razão que fez nascer Jesus de uma Mãe Virgem, deve fazê-lo nascer uma Mãe Imaculada. A conceição imaculada é pois uma verdade implicitamente revelada na revelação explícita de sua Maternidade Virginal.

Examinemos de perto este argumento.

Por que quis Deus nascer de uma Mãe Virgem?

Para que a santidade que devia adornar a sua pessoa viesse de uma fonte igualmente pura, da parte do corpo como da parte da alma.

A alma de Jesus Cristo foi criada por Deus e inseparavelmente unida à divindade.

Era uma alma santíssima, obra prima de Deus infinito.

O corpo de Jesus Cristo foi-lhe fornecido do sangue de Maria, e este corpo foi inseparavelmente unido à divindade, como o foi a sua alma.

Este corpo devia pois ser santíssimo, na altura da alma santíssima, à qual devia ser unido substancialmente, para constituir a pessoa divina de Cristo.

O corpo devia ser digno da alma; e ambos deviam ser dignos da divindade.

Este corpo devia, pois, ser formado de um sangue puríssimo, de um sangue imaculado em sua origem, como em seu estado atual.

Por isso, a Virgindade de Maria foi como a condição de sua maternidade.

Vemos, pelo Evangelho, que Deus reservou-se esta virgindade, que Maria lhe tinha consagrado, até nos laços do matrimônio, como devendo ser a habitação do Santo dos Santos.

O anjo Gabriel foi enviado... a uma Virgem... desposada, não conhecendo varão... E por isso mesmo o Santo, que deve nascer dela, será chamado Filho de Deus (Luc. 1, 35).

Desde esta hora, Maria estava cheia de graça, era bendita entre as mulheres... e o Senhor estava com ela (Luc. 1, 28).

Esta virgindade, esta plenitude de graças, esta benção eram a condição anterior e preparatória da Maternidade de Maria.

Ora, tal anterioridade devia necessariamente remontar até a sua conceição, para que, de uma Virgem sem pecado, nascesse sem pecado Aquele que vinha apagar o pecado, como diz admiravelmente São Bernardo[2].

De fato, que motivo Deus teria tido em exigir em Maria esta santidade virginal antes da Conceição de Jesus Cristo, que não fosse bastante forte para fazer remonta-la à própria conceição de Maria?

A santidade do Filho, sendo o motivo da santidade anterior de Maria, não podia contentar-se completamente, senão possuindo Maria inteira, desde a sua origem.

O que era Maria quando concebeu Jesus Cristo, ela o devia ser desde o tempo em que ela mesma foi concebida.

A personalidade da Santíssima Virgem fica identificada com a sua virgindade, com a sua pureza imaculada.

Ela é revestida desta pureza como de um sol; e o prodígio, que lhe fez conservar esta virgindade na conceição e no parto de seu Filho, nos garante a pureza de sua própria conceição.

Como se vê, a revelação explícita da maternidade divina da Virgem Santa inclui a revelação implícita de sua Imaculada Conceição.

É uma primeira prova Bíblica e que já seria suficiente para convencer a um homem sem preconceitos e desejoso de conhecer a verdade, em vez de querer defender as suas ideias errôneas.

Vamos adiante; encontraremos muitas outras passagens do mesmo valor comprovativo.

II. O Tabernáculo divino

Um texto de São Paulo projeta uma luz suave e forte sobre o argumento precedente.

O Apóstolo escreve: Cristo, vindo como Pontífice dos bens futuros, (passou) pelo meio de um Tabernáculo mais excelente e perfeito, não feito por mão dos homens, isto é, não desta criação (Heb. 9, 11).

Analisemos esta passagem e nela encontraremos, bela e resplandecente, a revelação implícita da Imaculada Conceição.

O Apóstolo compara aqui o Pontífice da lei antiga com o da lei nova, mostrando que o primeiro entrava no Tabernáculo, no santo dos santos, uma vez por ano, para oferecer o sangue dos holocaustos, enquanto Jesus Cristo, o Pontífice da nova lei, passa por um primeiro Tabernáculo, não feito pela mão dos homens, para apresentar-se no segundo, pela efusão de seu próprio sangue (per proprium sanguinem, intravit semel in sancto).

Tal é a oposição que o Apóstolo estabelece entre os dois Pontífices.

O Pontífice da lei antiga era homem como qualquer um; pecador como era, entrava no primeiro Tabernáculo, onde todos entravam (o santo) e só entrava uma vez por ano no segundo Tabernáculo (sancta sanctorum).

Pode-se deste modo traduzir a passagem de São Paulo: Cristo passou pelo meio de um Tabernáculo mais excelente e perfeito, não feito pela mão dos homens e não sendo desta criação.

E este Tabernáculo, adornado de tais qualidades, só pode ser o seio Imaculado de Maria.

Este argumento refere-se diretamente à santa humanidade do Salvador e indiretamente à santidade original de Maria.

Se houvesse qualquer mancha na formação de Maria, haveria igualmente na formação de Jesus, pois o filho é formado pelo sangue da mãe.

Mas S. Paulo faz notar que este Tabernáculo, pelo qual passou o Cristo, não era feito pela mão dos homens; Jesus Cristo formou-o com sua própria mão. Deus formou a sua própria mãe.

Por este título, Maria é duplamente imaculada, como obra feita imediatamente por Deus, e como sendo a sua mãe, da qual ele mesmo devia receber a sua humanidade.

Aos protestantes que consideram exagerado e excessivo este privilégio da Imaculada Conceição pode-se responder que Aquele que faz o maior deve fazer o menor, pois o todo inclui as partes.

Deus elevou-a, pela maternidade divina, a uma honra infinita[3], muito acima dos anjos, enquanto que pela Imaculada Conceição elevou-a apenas acima dos homens pecadores.

Qual é, de fato, o anjo que pode dizer a Deus: Tu és o meu Filho?

E elevando, deste modo, Maria acima de todos os anjos, como Deus não a elevaria acima da natureza humana decaída?

Se o não fizesse, seria uma contradição nas obras de Deus. Ele faria o maior e recusaria o menor... Ele elevaria uma criatura acima dos anjos e a lançaria ao mesmo tempo no meio da raça pecadora dos homens?

Seria como se um Monarca poderoso elevasse ao trono e escolhesse como rainha uma pobre filha do povo, e a tomasse ao mesmo tempo como escrava, para servir à sua mesa.

Seria ridículo... indigno de um Rei; quanto mais indigno seria de Deus!

Não, não... É impossível!

Se Deus pode preservar Maria do pecado original, e quis preservá-la... Ele o fez!

Ora, negar que o pode fazer, seria tão absurdo quão blasfematório contra o seu poder.

Dizer que não o quis fazer, seria ferir a sua bondade e o seu amor filial.

Enfim, dizer que nem o pôde, nem o quis fazer, quando pôde e quis fazer infinitamente mais, fazendo-a sua mãe, seria excluir da noção de Deus toda sabedoria, toda razão, como toda bondade e todo poder.

A palavra de São Paulo é pois uma revelação implícita do grande dogma da Imaculada Conceição!

O próprio Jesus Cristo fez o seu Tabernáculo, e o fez, mais excelente e perfeito, não sendo desta criação, mas de uma criação à parte, única, que é a de um Tabernáculo destinado ao próprio Filho de Deus.

Ora, um Tabernáculo, feito imediatamente pela mão de Deus e para Deus, devia ter toda a beleza, toda a pureza que o próprio Deus pode outorgar a uma criatura.

E esta pureza perfeita, ideal, chama-se a Imaculada Conceição!

III. O mais antigo dogma

Os amigos protestantes taxam de novidade o dogma da Imaculada Conceição.

É falta de reflexão.

É o mais antigo dos dogmas revelados ao mundo.

Ele é mais antigo que a Igreja; mais antigo que o Evangelho. Ele era com Jesus Cristo antes que Abraão existisse: É por ele que começam as Sagradas Escrituras.

A Imaculada Conceição de Maria é de novo implicitamente revelada neste oráculo de Deus que traz o capítulo III do Gênesis, e que ele dirigiu ao demônio, depois da queda de nossos primeiros pais:

Inimicitias ponam inter te et mulierem, et semen tuum et semen illius: ipsa conteret caput tuum (Gn. 3, 15).

A tradução literal é: Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua semente e a semente dela: ela te esmagará a cabeça.

Eu pergunto aos protestantes inteligentes: é possível limitar este texto a Eva?

É impossível! Se o texto se limitasse a Eva, Deus deveria ter dito: Porei inimizade entre ti e Eva; ela te esmagará a cabeça.

Dizendo que é a mulher que deve esmagar a cabeça de Satanás, e ampliando esta palavra dizendo que é a sua semente, vê-se imediatamente que Eva é aqui apenas a representação de uma mulher.

E qual é esta mulher?

É a mesma a quem o Salvador chama sempre no Evangelho “Mulher”, em vez de: minha Mãe.

- Mulher, eis aí o teu filho (Jo 19, 26).

- Mulher, que nos importa a nós? (Jo 2, 4).

Tal é a mulher predita no Paraíso e realizando a profecia pela sua conceição imaculada, esmagando a cabeça da serpente.

Esmagar a cabeça da serpente é escapar à sua dominação, é ficar isenta de sua mordedura e dominá-la pela santidade.

Ora, tudo isso é claramente o que constitui o privilégio da Imaculada Conceição.

Não se limitando tal profecia a Eva, os protestantes devem encontrar qualquer outra mulher que tenha este privilégio, pois deve existir em qualquer criatura. Se não seria uma profecia sem objeto, o que não se pode admitir.

E qual será esta mulher esmagando a cabeça da serpente? Será Raquel, Rebeca, Sara, Débora, Judith, Abigail, a Sulamita, Esther, Noemi, Respha, a mãe dos Macabeus, umas tantas figuras da Mãe de Deus?

Ou ainda, no novo Testamento, será Maria Madalena, ou qualquer outra das santas mulheres?

Caros protestantes, reflitam um instante e compreenderão que a única mulher, cheia de graça, bendita entre todas as mulheres, é Maria, a Virgem Santa, a Mãe de Deus.

Sendo ela a escolhida, a mulher profetizada, é pois ela que, sendo da semente da primeira mulher Eva, escapou à dominação do demônio, ficando isenta de sua mordedura, esmagando a cabeça da serpente, numa palavra: é Imaculada em sua Conceição.

Querendo ou não querendo, pelo texto da Bíblia como pelo bom senso, tem que chegar a Maria Santíssima e reconhecer que é ela que foi profetizada no texto citado.

Deste modo é de novo uma revelação implícita da Imaculada Conceição.

IV. A raça da mulher

Não paremos aqui, mas estudemos cada frase desta passagem profética da glória de Maria.

Provado que tal texto se aplica à Mãe de Jesus, analisemos os seus diversos aspectos para melhor destacar o seu objeto central: a Virgem Maria.

Porei inimizade entre ti e a mulher.

Notemos bem que não é simplesmente entre Eva e a serpente, mas sim entre a mulher bendita e a semente da serpente.

Nada pode haver de mais formal!

Pelo pecado original, Eva, Adão e toda a sua posteridade estão sujeitos ao demônio.

Não há simplesmente guerra, mas sim domínio de Satanás sobre a raça humana.

E eis que Deus, anunciando a mulher – a Virgem Maria, cuja semente é o Cristo, diz: porei inimizade entre ti e a mulher.

Que quer dizer isto?

É um modo enérgico de dizer que Satanás não estenderá o seu domínio sobre esta mulher... que entre ambos haverá uma oposição radical, uma inimizade de raça.

É a razão por que Deus completa a ideia, dizendo: entre a tua posteridade e a posteridade dela (Gn 3, 15).

Resulta necessariamente desta adição que as inimizades que devem existir entre a serpente e a mulher, Maria, são as mesmas que existirão entre a serpente e a posteridade da mulher.

Esta semente é Jesus Cristo.

Deve existir, pois, entre a serpente e Maria a mesma inimizade que existe entre a mesma serpente e Jesus Cristo.

Ora, tal inimizade fundamental entre a serpente e Jesus Cristo é a ausência completa em Jesus de todo e qualquer pecado, sendo o pecado a figura e representação de Satanás.

Logo esta mesma ausência total de todo e qualquer pecado deve existir em Maria Santíssima.

Ela deverá ser concebida no mesmo estado em que ela o conceberá: na inimizade do mal, ou na Imaculada Conceição.

Podemos e devemos aplicar a ambos: à mulher e à sua posteridade, à Maria e a Jesus, o fim da profecia: Ela te esmagará a cabeça, e tu armarás traições ao seu calcanhar (Gn 3, 15).

Maria esmagou a cabeça da serpente pela sua Imaculada Conceição, como já ficou dito, embora o demônio armasse traições a seu calcanhar.

Tais traições são os sofrimentos físicos e morais, as perseguições, as barbaridades, os crimes, o aniquilamento de Jesus durante a sua Paixão e morte, que seriam para qualquer outra pessoa que Maria, tentações de desespero, de desconfiança, ou pelo menos de temor, de dúvida, como o foram para os Apóstolos.

O demônio procurou deste modo abater a coragem, diminuir a confiança, resfriar o amor da Virgem Santíssima, sem nada alcançar, pois a fé de Maria, a sua esperança e o seu amor estavam muito acima das vacilações humanas.

O demônio ignorava o segredo da Imaculada Conceição; por isso tentava-a, torturava-a, sob o peso de suas perseguições, mas em vão: só pôde alcançar o calcanhar, isto é, o corpo da Virgem Santa, continuando a sua alma elevada na região da fé pura e do amor divino.

Armou traições, mas foi esmagado sob o peso deste calcanhar virginal, que tinha o peso da santidade de seu divino Filho.

Eis o sentido claro desta bela profecia.

Não é preciso vergar ou adaptar o texto sagrado à tese aqui defendida; é o seu sentido óbvio, sempre aceito na Igreja e defendido por todos os séculos.

Bela e sublime revelação implícita da Imaculada Conceição.

V. A grande discussão

A bela profecia que acabamos de analisar, pela sua extensão gloriosa em honra da Mãe de Jesus, devia necessariamente ser contestada e discutida pelos protestantes, atribuindo-lhe uma significação diferente da interpretação católica.

É o que aconteceu.

Nas diversas versões da Bíblia encontraram uma variante.

O texto da Vulgata e três versões gregas dizem:

A mulher te esmagará a cabeça (Ipsa) auté.

As versões hebraicas dizem:

A semente da mulher te esmagará a cabeça (Ipsum).

Outras versões gregas dizem:

O Filho (o Cristo) te esmagará a cabeça (ipse) autos.

Uma versão egípcia diz:

Eles (Jesus e Maria) te esmagarão a cabeça (ipsi).

Eis o precioso achado para os protestantes poderem protestar...

Haja discussão! Haja objeções! Para excluir a Virgem Santíssima desta primeira página Bíblica.

E no meio da balbúrdia os amigos protestantes não notaram que tal mudança de pronome ipsa, ipse, ipsum, ipsi, tem apenas um valor secundário, que não muda em nada o valor probativo do texto nem a extensão de sua significação.

Qualquer que seja a versão adotada, o texto prova sempre o triunfo da mulher, que é a Virgem Imaculada.

O essencial é que haja uma eterna inimizade entre a mulher e o demônio. Porei inimizade entre ti e a mulher.

O texto contestado é o seguinte:

Deve-se ler:

Ipsa, ipsum, ipse conteret caput tuum ou: Ipsi conterent caput tuum.

Ipsa, é claramente a Virgem Santíssima.

Ipse, é Jesus Cristo.

Ipsum, é a semente, ou Jesus Cristo.

Ipsi, é Jesus e Maria.

A Igreja nunca pretendeu outorgar diretamente à Virgem o privilégio de esmagar a cabeça da serpente, exclusivamente por si, mas unida a seu Filho, pela ação de seu Filho, como Mãe de Deus.

Pode-se pois adotar qualquer uma destas versões: ipsa, ipse, ipsum, ipsi, dizendo que é Maria Santíssima ou Jesus Cristo, ou ambos, ou a semente da mulher que esmagará a cabeça da serpente.

Quem a esmagará é Deus-Homem, pois Jesus Cristo é Deus e homem.

Como tal, Ele é necessariamente unido à sua Mãe; e esta última, junta com Ele, esmaga a cabeça da serpente.

Jesus Cristo o faz diretamente em qualquer hipótese.

Maria Santíssima o faz indiretamente, ficando inseparavelmente associada a esta obra de esmagamento.

Adotando com a Vulgata a versão de ipsa, dizendo que é Maria Santíssima que esmagou a cabeça da serpente, não é ela só, mas unida ao Filho, pelo Filho, como sendo Mãe de Deus, que o faz.

É Jesus, pela sua Encarnação e Redenção, que destruiu o reino de Satanás, esmagando-lhe a cabeça pelo pé virginal de sua Mãe.

Isto é tão lógico e tão simples que nas versões egípcias a mulher e o filho são unidos num único pronome: ipsi: eles te esmagarão a cabeça.

E tal expressão é ainda a mais clara e a mais lógica, expressiva, indicando deste modo, num termo único, o princípio e o instrumento, o filho e a mãe[4].

Eis a tremenda discussão levantada pelos protestantes, com o intuito de excluírem deste texto a ação cooperadora da Virgem Santíssima e de diminuírem uma citação que exprime e revela implicitamente a sua imaculada conceição.

Tal discussão, como se vê, em nada prejudica a glória de Maria Santíssima, de modo que, através das discussões humanas, a palavra divina continua resplandecente, fulminante, mostrando-nos, desde os albores da humanidade, a figura luminosa, simbólica, de esperança e de misericórdia da Virgem Imaculada.

Tal é, aliás, a opinião do próprio São Jerônimo que escolheu entre as quatro versões a dos Setenta, reproduzida nas outras hebraicas que trazem ipsa, o que é a mais clara senão pela exatidão gramatical, mas pelo sentido espiritual.

Ele mesmo dá a razão desta profecia:

“Não pode ser outra a semente da mulher”, escreve ele, “senão Aquele que o Apóstolo diz ter sido feito da mulher, isto é, Jesus Cristo (factum ex muliere) (Gl 4, 4). O Cristo é verdadeiramente a semente da mulher, havendo Ele nascido sem a cooperação do homem”.

VI. Conclusão

Como acabamos de ver, o sublime dogma da Imaculada Conceição não está explicitamente revelado no Antigo Testamento, não havendo razão para que Deus manifestasse aberta e publicamente uma verdade, muito acima da compreensão dos Judeus.

Deus agiu do mesmo modo com a revelação do mistério da Santíssima Trindade. Revelou-o implicitamente, em termos e comparações veladas, que não deixam aparecer logo o mistério, mas permitem aos séculos vindouros, na hora propícia, deduzirem estas verdades, como conclusão de outras verdades explicitamente reveladas.

É deste modo que agiu com a Imaculada Conceição. Há indícios, há indicações, porém de tal modo confusas que, só depois de bem compreendidas outras verdades, é possível deduzir delas a Imaculada Conceição.

O que domina no Antigo Testamento é a Virgindade de Maria. Isto é claro e positivo:

O Senhor vos dará um sinal, disse Isaías a Acaz, Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um filho, e chamarão o seu nome: Emanuel, isto é: Deus conosco (Is 7, 14).

O Salvador deverá nascer de uma Virgem: é verdade básica, que deve servir de princípio às outras verdades.

Mas Deus reservou a hora e o modo da proclamação de outras verdades incluídas nesta primeira.

Um pensamento sublime, embora ainda oculto, domina a queda do primeiro homem: é a reparação – É o Salvador prometido e a ação reparadora deste Salvador.

É um paralelo que Deus estabelece como que timidamente entre Adão e o Cristo, e no mesmo tempo entre Eva e Maria.

São Paulo fornece a base deste paralelo, dizendo: O primeiro homem, vindo da terra, era terrestre, o segundo, vindo do céu, é celeste (1Cor 15, 47).

Ao lado do primeiro Adão está a mulher, a quem Adão deu o nome de Eva, porque devia ser a Mãe dos viventes (Gn 3, 20).

Ao lado do segundo Adão, de Jesus Cristo, está outra mulher, Maria, de quem Eva era a figura, que devia ser a Mãe dos viventes, em Cristo, pela graça.

Eva Evae contraria, diz São João Crisóstomo.

Terminemos este capítulo pela comparação entre Eva e Maria, pois deste paralelismo sobressairá admiravelmente a Conceição Imaculada de Maria.

Eva é figura de Maria, e esta deve ter pelo menos todos os dons e privilégios da primeira mãe dos viventes.

Eva foi diretamente criada por Deus, no estado de inocência perfeita, pura, e adornada dos dons da natureza e da graça, em outros termos, saindo diretamente das mãos de Deus, ela foi imaculada.

É preciso que Maria, a restauradora da ordem perturbada por Eva, seja, pois, também Imaculada.

É o único ponto de igualdade; em todos os outros pontos Maria é contrária a Eva.

Eva nos trouxe a morte: Maria nos traz a vida.

O fruto de Eva foi mortal: o fruto de Maria é vivificante.

Eva foi causa de lágrimas: Maria é causa de alegria.

Eva separou Deus do homem: Maria os une.

Eva nos atraiu a maldição: Maria nos obtém a benção divina.

Eva nos impôs o julgo do mal: Maria nos eleva ao bem.

Eva suscitou o ódio: Maria faz reinar a paz.

Eva nos lançou nos laços da morte: Maria no seio da vida.

Eva foi a causa da queda: Maria é a causa do levantamento.

E assim por diante.

Os Santos Padres fizeram inúmeras aproximações de Eva e de Maria, para salientar seu papel regenerador, e mostrar que, por ela, somos elevados mais alto do que nos rebaixou a falta de Eva.

Eva inocente foi o símbolo de Maria.

Eva decaída é a oposição de Maria.

Formada pelas mãos de Deus, Eva era imaculada antes da queda.

Maria, devendo reparar esta queda, devia estar no mesmo estado que Eva antes desta queda, devia ser imaculada[5].

Como vimos a palavra divina, no texto profético, é clara, mostrando-nos a Mulher bendita esmagando a cabeça da serpente, como associada ao Redentor, cuja vitória sobre o mal devia ser partilhada pela sua própria Mãe.

Maria é Imaculada, porque esta prerrogativa satisfaz às exigências do papel que Maria deve exercer, como Mãe de Deus.

Tudo o exige, tudo o impõe, e o próprio Deus, para preparar o espírito dos homens, deixa entrever, através das páginas sagradas, a existência deste privilégio, que veremos resplandecer clara e positivamente, embora ainda meio velado, no Novo Testamento.










[1] Extraído da obra A Mulher Bendita Diante dos Ataques Protestantes, do Pe. Júlio Maria de Lombaerde.

[2] Voluit itaque esse Virginem de qua immaculatus procederet, omnium maculas purgaturus (S. Missus est, Hom. 2).

[3] Beata Virgo ex hoc, quod est Mater Dei, habet quamdam infinitatem, ex bono infinito quod est Deus (Thom. I, p. q. 25 a 6).

[4] A versão: ipsa é mais antiga que S. Jerônimo, e foram os Setenta os primeiros que adotaram este pronome, em vez do neutro: ipsum. A antiga itálica, tradução verbal do grego, diz ipse-autos

Em hebraico o pronome refere-se a raça e não à mulher, e o verbo conteret está no masculino, tendo por sujeito a palavra masculina zéra (raça) do mesmo modo que o complemento ejus de insidiaberis está no masculino, em hebraico; ele te esmagará, e não ela – é: tu lhe esmagarás a ele

Examinando pois o texto gramaticalmente, parece ser preferível o pronome ipse; é por causa do grande valor dos setenta e [d]a erudição de S. Jerônimo, adotando ipsa, que prevaleceu o texto autêntico da Igreja, que conservou este pronome. 

Mesmo admitindo que fosse um erro do copista, o certo é que tal versão é conforme ao espírito do texto. 

Podem representar-se justamente Maria esmagando debaixo de seus pés o dragão infernal, pois ela o faz como Mãe de Deus, pelo poder de seu filho.

[5] Eva contraria Evae: Eva enim i cit filios suos tnimicos Deis; Maria nos pacificavit Deo. Ilia mater cunctorum viventium, spiritualis interfectrix; haec cunctorum Mater, spiritualis vivificatri. Illa maledicta multiplicatur a Deo: haec benedicta in Matris útero (S. Antoninus in sum. Parte. 4 t. 51 c. 13).
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