Correta pronúncia dos verbos pugnar, impugnar, dignar-se e indignar-se

Os verbos pugnar, impugnar, dignar-se e indignar-se são de primeira conjugação. Relembre-se que há três conjugações: os verbos terminados em –ar (primeira), os verbos terminados em –er (segunda) e os verbos terminados em –ir (terceira).

Exemplos:

Primeira conjugação: inteirar, pegar, caminhar, etc.;

Segunda conjugação: correr, ler, fazer, etc.;

Terceira conjugação: cair, partir, sair, etc.

Há verbos regulares e irregulares na primeira conjugação. Os verbos pugnar, impugnar, dignar-se e indignar-se são verbos regulares. Isto quer dizer que estes verbos seguem um paradigma em que não se altera o radical e os acidentes, ou as variantes destes podem incluir-se nos paradigmas.

Pois bem, feitas as considerações iniciais, passemos ao que interessa aqui: a dicção destes verbos (pugnar, etc.) é com g MUDO ou TRAVADO nas formas do presente (do indicativo e do subjuntivo) e do imperativo (afirmativo e negativo).

Portanto, a regra é que a sílaba tônica destas formas dos verbos pugnar, etc. seja a sílaba ligada ao g. Excetuam-se apenas as pronúncias destes verbos nas 1.ª e 2.ª pessoas do plural do presente (do indicativo e do subjuntivo) e nas 1.ª e 2.ª pessoas do plural do imperativo (afirmativo e negativo).

Para facilitar, seguem abaixo as formas do presente e do imperativo destes verbos com as respectivas sílabas tônicas sublinhadas: (observe a regra [sílaba do g tônica] e as exceções [1.ª e 2.ª pessoas do plural])

Pugnar:

* Presente do indicativo: pugno, pugnas, pugna, pugnamos, pugnais, pugnam.

* Presente do subjuntivo: pugne, pugnes, pugne, pugnemos, pugneis, pugnem.

* Imperativo afirmativo: pugna, pugne, pugnemos, pugnai, pugnem.

* Imperativo negativo: não pugnes, não pugne, não pugnemos, não pugneis, não pugnem.

Impugnar:

* Presente do indicativo: impugno, impugnas, impugna, impugnamos, impugnais, impugnam.

* Presente do subjuntivo: impugne, impugnes, impugne, impugnemos, impugnais, impugnem.

* Imperativo afirmativo: impugna, impugne, impugnemos, impugnai, impugnem.

* Imperativo negativo: não impugnes, não impugne, não impugnemos, não impugneis, não impugnem.

Dignar-se:

* Presente do indicativo: digno-me, dignas-te, digna-se, dignamo-nos, dignais-vos, dignam-se.

* Presente do subjuntivo: digne-me, dignes-te, digne-se, dignemo-nos, digneis-vos, dignem-se.

* Imperativo afirmativo: digna-te, digne-se, dignemo-nos, dignai-vos, dignem-se.

* Imperativo negativo: não te dignes, não se digne, não nos dignemos, não vos digneis, não se dignem.

Indignar-se:

* Presente do indicativo: indigno-me, indignas-te, indigna-se, indignamo-nos, indignais-vos, indignam-se.

* Presente do subjuntivo: indigne-me, indignes-te, indigne-se, indignemo-nos, indigneis-vos, indignem-se.

* Imperativo afirmativo: indigna-te, indigne-se, indignemo-nos, indignai-vos, indignem-se.

* Imperativo negativo: não te indignes, não se indigne, não nos indignemos, não vos indigneis, não se indignem.

Portanto, não se pronuncie: “puguino”, “impuguino”, “diguino-me”, “indiguino-me”, etc., mas pugno, impugno, digno-me, indigno-me, etc.

Para apreender corretamente a dicção destas formas dos verbos pugnar, impugnar, dignar-se e indignar-se, treine a pronúncia nos exemplos abaixo:

- “Fujamos dos israelitas: porque o Senhor pugna por eles contra nós.” (Figueiredo, Êxodo, 14, 25.);

- Impugno a testemunha, Excelência.

- “Digne-se V. Ex.ª aceitar os meus respeitos.” (Aulete.);

- “Que não se arme e [não] se indigne o céu sereno contra um bicho da terra tão pequeno.” (Camões, Os Lusíadas, I, 106.).

Observação. Uma prova da correção de todo o dito acima é esta: se no primeiro exemplo se pronunciasse “pugna”, a palavra deveria ser acentuada, pois seria uma oxítona terminada em a: “pugná”. Da mesma forma, deveriam receber acento as palavras do segundo, terceiro e quarto exemplos, pois as oxítonas terminas em o e em e devem ser acentuadas.

Se se pronunciassem as palavras com o acento tônico no g, como correntemente se faz, isto implicaria a existência do dígrafo gu antecedido da letra i nas mesmas palavras: “pug‘ui’na”, “dig‘ui’ne”, “impug‘ui’no”, “indig‘ui’ne”. Mas este dígrafo não existe aí.

Por outro lado, as palavras do segundo e quarto exemplos não poderiam ser pronunciadas com o acento tônico em im(n): “impugno”, “indigne”, pois seriam proparoxítonas e receberiam acento gráfico obrigatoriamente: “ímpugno”, “índigne”. Mas não é este o caso.

Portanto, resta-nos dizer que as palavras acima são paroxítonas terminadas em a, o e e, que, segundo a regra das mesmas paroxítonas, não são acentuadas: pug-na, im-pug-na, dig-ne, in-dig-ne.

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Willian Mitre