terça-feira, 13 de setembro de 2022

SOBRE O CELIBATO - Breve resposta a um protestante

 

Em resposta ao pedido de um amigo protestante, demonstro-lhe abaixo os motivos pelos quais um padre não se casa. E divido a resposta em seis pontos principais, conforme segue abaixo. Digo-lhe desde já que é uma breve resposta. Caso queira aprofundar-se, indicar-lhe-ei inúmeros livros.


I- Bom senso


Inicialmente, meu querido amigo, te mostrarei que não há problema algum em escolher permanecer celibatário, pois, conforme o bom senso nos ensina, todos são livres para casar-se ou não. O optar pelo casamento ou pelo celibato é uma livre escolha. São Paulo nos ensina isso (I Cor 7, 37-38): Mas o que resolveu firmemente dentro de si, não o obrigando a necessidade, mas podendo dispor à sua vontade, e determinou no seu coração conservar virgem a sua (filha), faz bem. Aquele, pois, que casa a sua filha (virgem) faz bem; o que a não casa, faz melhor.

Aquele que escolhe o sacerdócio o faz por vontade própria e não é obrigado por ninguém. Por isso mesmo a Igreja só exige o voto de castidade do aspirante ao sacerdócio após cerca de doze anos de estudo e preparação. Antes disso, pode ele voltar atrás quando quiser.

O padre, portanto, prefere consagrar sua vida, seu coração e seu corpo a Deus, seguindo o conselho de São Paulo (I Cor 7, 8): Digo aos não casados e às viúvas que lhes é bom permanecer assim, como também eu.

E isto porque O que está sem mulher, está cuidadoso das coisas que são do Senhor, como há-de agradar a Deus. Mas, o que é casado, está cuidadoso das coisas que são do mundo, como há-de dar gosto a sua mulher, e (deste modo) está dividido (I Cor 7, 32-33).

Portanto, caríssimo, casar é bom, mas não casar é melhor. O padre fica com a melhor parte, o pastor com a pior.

Recomendo-lhe a leitura lenta e meditada de todo o capítulo 7 da primeira epístola aos Coríntios.


II- O exemplo de Cristo


O nosso grande modelo é Cristo. É ou não é bom imitar a Cristo? Dizia São Paulo: Sede meus imitadores, como também o sou de Cristo (I Cor 11, 1).

Pois bem, Nosso Senhor Jesus Cristo não era casado, e, como Deus, ele só pode ter escolhido o melhor estado de vida. Com efeito, o Mestre era puro, casto, virgem, ou seja, Ele era celibatário. O ministro não faz senão imitar o Mestre: Dei-vos o exemplo, para que, como eu vos fiz, assim façais vós também (Jo 13, 15).

Os protestantes seguem ou não seguem o exemplo de Cristo? Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados (Ef 5, 1).


III- O exemplo dos Apóstolos


Os Apóstolos foram os primeiros sacerdotes da Igreja, os primeiros bispos, e, qual não é a novidade, foram todos celibatários, como bons imitadores de Cristo. Fizeram isso porque decidiram renunciar a tudo por causa do amor de Cristo: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. (Mt 16, 24).

Negar-se a si mesmo e tomar a cruz é deixar tudo. Ora, foi exatamente isso o que fizeram os sacerdotes de Cristo, como bem disse Pedro (Mt 19, 27): Eis que abandonamos tudo e te seguimos. E este tudo inclui mulher e filhos, como se vê da resposta do Senhor (Mt 19, 29): Todo o que deixar a casa, ou os irmãos ou irmãs, ou o pai ou a mãe [ou mulher[1]], ou os filhos, ou os campos, por causa do meu nome, receberá o cêntuplo, e possuirá a vida eterna.

E os ministros protestantes abandonam tudo por causa de Cristo? Ou seguem o exemplo de Lutero e sua Catarina?

Os padres imitam antes a Cristo e aos Apóstolos, pois é bom para o homem não tocar mulher (I Cor 7, 1). Com maior razão é bom para o sacerdote, que lida com as coisas de Deus e do culto, não tocar mulher.


IV- O conselho de Cristo


Após a discussão sobre o divórcio, os discípulos dizem a Cristo (Mt 19, 10): Se tal é a condição do homem a respeito de sua mulher, não convém casar. Então Nosso Senhor lhes responde: Nem todos compreendem esta palavra, mas somente aqueles a quem foi concedido. Porque há eunucos que nasceram assim do ventre de sua mãe; há eunucos a quem os homens fizeram tais; e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do reino dos céus. Quem pode compreender isto, compreenda.

Parece que aos protestantes não foi concedido compreender esta palavra. Explico-lhes: eunuco é um homem castrado. O que Cristo diz é que há homens que nasceram assim, isto é, não podem ter filhos; há homens que foram castrados por mãos de homens, como os que tinham a função de guardar as mulheres do harém; e há homens que se fizeram castrados (castos) POR AMOR DO REINO DOS CÉUS.

Ora, é precisamente este último o caso dos sacerdotes da Santa Igreja. É este precisamente o caso dos padres e dos bispos. O padre ama a Deus e não divide o seu coração com a mulher. Já Tertuliano (160-222) dizia: “os clérigos são celibatários voluntários”.


V- Objeção protestante


Objetam os protestantes: mas Paulo disse a Timóteo (I Tm 3, 1-2): É necessário pois que o bispo seja irrepreensível, casado uma só vez, sóbrio, prudente, de bom trato, hospitaleiro, capaz de ensinar...

Bom, isto prova apenas o que a Igreja não cansa de ensinar: o celibato não é um preceito divino, mas uma lei eclesiástica. Nosso Senhor Jesus Cristo, bem como São Paulo, apenas aconselharam o celibato como sendo um estado de vida mais perfeito.

A Igreja do Deus vivo, coluna e sustentáculo da verdade (I Tm 3, 15) ordenou que fosse seguido o exemplo de Cristo e dos Apóstolos, ou seja, que os sacerdotes permanecessem castos como também eu [Paulo] (I Cor 7, 8), pelas razões já ditas acima.

Por isso, é bom que se dê ouvido à Igreja, pois O que vos ouve, a mim ouve, o que vos rejeita, a mim rejeita (Lc 10, 16).


VI- Exemplos protestantes


Vimos os exemplos de Cristo e dos Apóstolos, incluindo São Paulo: castos, puros, celibatários. Agora contraste estes exemplos com os dos pais do protestantismo:

“Lutero com suas três raparigas [feminino de rapaz]; Zwinglio com sua libertinagem; Calvino condenado por crime torpe, marcado nas costas com ferro em brasa, sinal de extrema infâmia; Henrique VIII degolando as suas seis mulheres. Tudo isso mostra bastante o que é o protestantismo: uma escola de devassidão e de revolta.

Pode haver protestantes bons; mas neste caso valem mais do que a religião que professam; enquanto o católico que pratique completamente a religião será um santo[2]”.

Não à toa, aliás, descumprem os protestantes outro preceito do Senhor, o da proibição do divórcio[3]. Preferem seguir os maus exemplos de seus fundadores.

Se um protestante conhecesse a sua seita, a sua origem, a sua história, gritaria como os réprobos do juízo final: Montanhas, cai sobre nós, e outeiros, encobri-nos (Lc 23, 30).




Willian A. Mitre





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[1] Cito conforme a tradução protestante de João Ferreira de Almeida. Confira por si.

[2] Pe. Júlio Maria de Lombaerde, Luz nas Trevas.

[3] Para conferir outra resposta minha aos desmandos protestantes, clique aqui

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