terça-feira, 26 de julho de 2022

ORAÇÃO POR UM PAI OU MÃE ENFERMA

 

Amorosíssimo Santo Antônio, que fostes, sois e sereis sempre todo amor e caridade para vossos devotos, especialmente quando se encontram em grave necessidade, não deixeis de ser pródigo das vossas múltiplas graças e benefícios para a pessoa pela qual, com toda a confiança, a vós recorro nesta hora. Sabeis de quanta importância é a sua existência para a família, que sem ela ficaria órfã sobre a terra, privada do guia que a Providência lhe deu. Não demoreis em auxiliá-la; com aquele poder que Deus quis remunerar vossas heroicas virtudes nesta terra e agora coroá-las no céu, dai-lhe de novo a saúde para que possa, para a maior glória de Deus e bem de sua família, exercer por mais algum tempo seu oficio sobre este mundo. Ó querido santo, eu não peço de vós um milagre, mas uma daquelas graças de que fostes e sois sempre tão pródigo com outros devotos; eu vos peço pelo amor de Jesus, que tantas vezes desceu como menino em vossos braços e agora, no paraíso, forma vossa felicidade. Sim, amorosíssimo santo, socorrei no presente em sua necessidade a esta pessoa e com ela socorrei também a família e a mim igualmente com todas aquelas graças de que temos necessidade, para fielmente servirmos a Deus sobre a terra, e um dia, no céu, convosco, louvá-lo por toda a eternidade.

terça-feira, 19 de julho de 2022

OU CATÓLICO OU MAÇOM! – Parte III



RESPOSTAS A ALGUMAS OBJEÇÕES


1) Mas tem havido bispos, padres e frades maçons!

Não queremos negar o fato. No século passado, com efeito, alguns membros do clero brasileiro deram seu nome à Maçonaria. Resta, contudo, saber que intuitos levaram a Maçonaria a aliciar para suas fileiras bispos, padres e frades. E, sobretudo, é preciso ver que tipos de padres ela conseguiu atrair. Todos os nomes de bispos, padres e frades citados são geralmente do início do século passado[1], quando, em muitos meios políticos, predominava a ideia da independência do Brasil. A própria Maçonaria de então foi fundada no Brasil com finalidades pronunciadamente políticas e especificamente «para fazer a independência do Brasil», como se pode ler nos livros maçônicos. As lojas de Pernambuco e da Bahia, lá pelos anos de 1810, como também as do Rio pelos anos de 1820, eram, de fato, centros políticos que tramavam a independência (era este, naqueles tempos, «o grande segredo da Maçonaria»!). E não faltaram então padres e frades patriotas e políticos que alimentavam o mesmo ideal. Tem-se dito até que a revolução de Pernambuco, em 1817, foi uma revolução de padres. Frei Caneca, frei Sampaio, cônego Januário e outros foram, talvez, excelentes patriotas é há­beis políticos ; mas não se pode por isso dizer que fossem também sacerdotes disciplinados e religiosos exemplares. Identificavam-se desta maneira os ideais políticos destes padres com os ideais políticos da Maçonaria de então, que, ao menos no Brasil, ainda não dera provas de anticlericalismo. E para conseguir a independência, conjugaram suas forças. Não como sacerdotes, mas como políticos, apesar de sacerdotes, tornaram-se maçons. Por outro lado, aqueles políticos e padres não se sentiam adstritos, em consciência, às leis da Santa Sé que condenavam e interditavam a Maçonaria, já que o regalismo reinante na época se negava a dar-lhes seu necessário «Beneplácito» para obterem força de lei.

Mas há também exageros na propaganda maçô­nica. Repetem, por exemplo, que Frei Monte Alverne teria sido maçon. Frei Roberto B. Lopes, O. F. M., que em 1958 publicou uma monografia sobre o grande pregador imperial, depois de investigar todas as fontes disponíveis para saber se Monte Alverne foi maçom, escreve: «A este respeito com muito pouco deparei. Só uma vez, na resposta ao Marquês de Lavradio, que lhe oferecera, com carta de 29 de novembro de 1855, um opúsculo de sua autoria sobre as sociedades secretas, encontramos o seguinte comentário: «O escrito que V. Excia. fez imprimir, e que eu recebi com a maior satisfação, devia ser lido nos salões dos reis e nas oficinas do artista, no escritório do negociante e debaixo do côlmo do lavrador; não se tratava aí de reconhecer a profunda instrução de V. Excia., mas sim escutar os sons agudos do clarim que devia acordar do seu letargo de morte os que governam e os que são governados, a fim de que eles conheçam a verdadeira causa desses terremotos políticos que há quase um século têm subvertido o universo e são a origem dos males que depravam a sociedade atual (Arq. Prov. Doc. nº 60, carta de 4-2-1856). Não parecem ser palavras de maçom...

E permita-me lembrar também o exagero da propaganda maçônica com relação a Rui Barbosa, apresentado constantemente como um «grande maçom». No vol. VII das Obras Completas, editadas pelo Instituto Nacional do Livro, p. 124, damos com a seguinte resposta de Rui Barbosa a um aparte do Sr. Monte (em 27-7-1880): «Ora, eis a Maçonaria na baila! Saiba V. Excia. que sou um maçom desgarrado. Tanto direito tem a Maçonaria de reclamar-me, quanto o Ultramontanismo. Não milito nele nem nela. Fiz-me maçom quando estudante, em São Paulo, iniciando-me na Loja América, de que fui dos primeiros e mais assíduos, bem que um dos mais obscuros operários... Mas deixando São Paulo, deixei até hoje a Maçonaria, de que fiquei membro avulso e simples Aprendiz...» - E no mesmo teatro, em São Paulo, onde fez o panegírico da Maçonaria, declarou Rui Barbosa: «Fui maçom apenas por um ano e meio; não alimentava a superstição da Maçonaria, não lhe simpatizava o caráter de segredo». Depois fala da «existência pomposa e estéril das lojas». E revela: «Não tornei a militar debaixo de outro Oriente; faltavam-me algumas qualidades essenciais do maçom: o culto das solenidades, a confiança no prestígio do sigilo, o respeito das hierarquias suntuosas»...

2) Mas a Maçonaria não é contra a Igreja! Bem sabemos que a propaganda maçônica gosta de repetir e de alardear seus amores à Igreja Católica. Na realidade temos, porém, e infelizmente, demasiados documentos maçônicos autênticos e que provam exatamente o contrário. Citaremos apenas alguns exemplos:

A) Aos 24 do 10º mês do ano de 1908 V.·. L.·. o Sob.·. Gr.·. Mestr.·. Gr.·. Comm.·. da Or.·. no Brasil expediu o decreto nº 406, em que submeteu à apreciação das lojas do Brasil inteiro uma série de teses que deviam preparar um Congresso Maçônico Brasileiro. Entre as teses assim oficialmente propostas pela maior autoridade maçônica no Brasil, encontramos as seguintes:

«Decretada, sob o novo regime político vigente em nossa pátria, a separação da Igreja e do Estado, e feita a completa discriminação de esferas de competência dos poderes espiritual e temporal, não é admissível que a República mantenha uma legação junto à Santa Sé;

«Devendo ser leigo o ensino ministrado nos estabelecimentos de instrução pública, não podem a este ser equiparados os institutos mantidos por Congregações religiosas;

«Tendo o casamento deixado de ser considerado Sacramento, consagrando-o a lei civil como um contrato solene sui generis, a que estão ligados os mais vitais interesses da família e da sociedade, é lógico desse caráter jurídico deduzir-se, como natural e necessário, o divórcio a vínculo;

«Sendo a ciência a grande benfeitora da humanidade, e cabendo-lhe a direção material, intelectual e moral da sociedade, os serviços de catequese e civilização dos selvagens não são da competência exclusiva ou especial dos representantes das religiões do passado;

«A Maçonaria condena como contrária à moral e antissocial a existência de corporações religiosas, que segregam seres humanos da sociedade e da família».

Reuniu-se depois o Congresso Maçônico Brasileiro, em que foram tomadas as seguintes conclusões definitivas:

«A Maçonaria se empenhará para que seja supressa a legação junto à Santa Sé;

«que se torne obrigatória a precedência do casamento civil;

«que se decrete o divórcio a vínculo;

«que se negue competência especial aos representantes das religiões para a catequese e civilização dos selvagens;

«que seja condenada como contrária à moral e antissocial, a existência de corporações religiosas que segregam seres humanos da sociedade e da família».

Esta é a vontade deliberada e oficial não de um ou outro maçom isolado e anticlerical, mas da Maçonaria Brasileira em peso, tendo sido anteriormente interrogadas todas as lojas do território nacional sobre cada um destes pontos em particular.

B) O Grande Oriente Estadual de São Paulo convocou, por sua vez, um Congresso Estadual e dirigiu às lojas do Estado perguntas sobre a conveniência ou não de fazer frente ao clericalismo e sobre os meios que deveriam ser para isso empregados. Temos em mão um exemplar de todas as respostas dadas pelas lojas daquele Estado. E eis aqui apenas uma pequena seleção de propostas oficiais feitas pelas lojas para enfrentar o clero:

«Agir perante o governo no sentido de impedir e dificultar a atividade do clero;

«Propor ao Congresso Nacional projetos de leis próprias e necessárias que proíbam a entrada de padres estrangeiros;

«Exigir do Governo leis e medidas que expulsem o clero e proíbam sua invasão;

«Aos maçons políticos, que fizerem parte das corporações legislativas, deve-se pedir que sejam pertinazes na apresentação de projetos de lei proibindo o noviciado ou mesmo taxando os eclesiásticos com impostos pesados, sendo o produto aplicado na construção de asilos para velhos e em conforto dos que padecem, etc., de modo a tornar esse imposto simpático aos olhos dos desgraçados mesmo que sejam católicos;

«Conseguir a eleição de um maçom adiantado e ativo para Presidente da República;

«Procurar conseguir preponderância absoluta, mas secreta, dos maçons nos meios governamentais;

«Unir todas as forças maçônicas para uma ação conjunta e uniforme contra o clero;

«Isoladamente e em conjunto os maçons devem negar sistematicamente todo e qualquer auxílio material e moral às associações religiosas e ao clero em geral;

«Cada chefe de família deve fazer o possível para evitar que sua família seja contaminada pelos sentimentos e práticas pregadas pelo clero;

«Laicizar a sociedade atual por meio da imprensa;

«Demonstrar a nefasta influência do jesuitismo na sociedade humana;

«Servir-se da imprensa, livro, revista, conferências, congressos, etc., para aclarar os espíritos so­bre o perigo latente no clero, criando um grupo de Irmãos dedicados e inteligentes para guiar a na­ção à Canaã da liberdade do pensamento;

«Ordenar às Lojas que organizem conferências públicas e congressos contra o clero;

«A Maçonaria unida deve fazer propaganda ativa e persistente, destinada à demonstração dos erros e perigos da educação fradesca;

«Defender e propagar a instrução pública eminentemente leiga, afastando os padres das escolas;

«Proíba-se o funcionamento das instituições educativas com caráter religioso, onde predomina a roupeta;

«Impedir a influência do padre sobre a mulher;

«Afastar a mulher do confessionário, emancipa-la da tutela que sobre ela pretende ter o padre, é o passo mais agigantado para se combater esse monstro audaz e terrível que se denomina clericalismo;

«É necessário enfrentar o clericalismo até enforcar o último Papa com os intestinos do último frade».

C) O periódico maçônico de Niterói, O Malhête, de 5-7-1953, publicou na p. 6 os «deveres de um verdadeiro liberal» ou maçom, e que são, literalmente:

«1) Não casar religiosamente na Igreja;

«2) não batizar seus filhos na mesma igreja;

«3) não servir de padrinho desses casamentos, batizados ou confirmações;

«4) não confiar à Igreja nem a adeptos seus, a educação de seus filhos;

«5) declarar querer civil o seu funeral;

«6) não fazer nem assistir a funerais religiosos;

«7) não dar à Igreja, seja qual for o pretexto, dinheiro algum;

«8) não se associar, direta ou indiretamente, a nenhuma cerimônia dessa Igreja;

«9) manter longe de seu lar os chamados «Ministros do Senhor».



[1] Do Século XIX.

domingo, 17 de julho de 2022

SERIA FACTÍVEL, NESTE MUNDO APÓSTATA E DESCRISTIANIZADO, A RESTAURAÇÃO DE TUDO EM CRISTO?

 



LUTEMOS COM ESPERANÇA CONTRA A ESPERANÇA MESMA


Cardeal Pie de Poitiers (1815-1880)


[Lutemos] com esperança contra a esperança mesma. Pois quero falar a esses cristãos pusilânimes, a esses cristãos que se fazem escravos da popularidade, adoradores do sucesso, e que são desconcertados pelo menor progresso do mal. Ah! afetáveis como eles são, praza a Deus que as angústias da provação derradeira sejam mitigadas! Esta provação está próxima ou está distante? Ninguém o sabe […]. Mas o certo é que, à medida que o mundo se aproxime de seu termo, os maus e os sedutores terão cada vez mais vantagem. Já quase não se encontrará fé sobre a face da terra, ou seja, ela terá desaparecido quase completamente de todas as instituições terrestres. Os próprios crentes mal ousarão fazer uma profissão pública e social de suas crenças. A cisão, a separação, o divórcio das sociedades com Deus, o que é dado por São Paulo como sinal precursor do fim, “nisi venerit discessio primum”, ir-se-á consumando, dia após dia. A Igreja, sociedade sem dúvida sempre visível, será cada vez mais reduzida a proporções simplesmente individuais e domésticas. Ela, que dizia em seus começos: O lugar me é estreito, abre-me um espaço em que eu possa habitar: Angustus mihi locus, fac spatium ut habitem, ela se verá disputar o terreno palmo a palmo, ela será cercada, encerrada por todos os lados: tanto quanto os séculos a tinham feito grande, tanto se aplicarão muitos agora a restringi-la. Enfim, haverá para a Igreja da terra uma como verdadeira derrota, e será dado à Besta mover guerra contra os santos e vencê-los. A insolência do mal atingirá o ápice.

Ora, nesse extremo das coisas, nesse estado desesperado, neste globo entregue ao triunfo do mal e que logo será invadido pelas chamas, o que deverão fazer todos os verdadeiros cristãos, todos os bons, todos os santos, todos os homens de fé e de coragem?

Aferrando-se a uma impossibilidade mais palpável que nunca, eles dirão com energia redobrada e tanto pelo ardor de suas preces como pela atividade de suas obras e pela intrepidez de suas lutas: Ó Deus! Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome assim na terra como no céu; venha a nós o vosso reino assim na terra como no céu; seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu! Eles murmurarão ainda estas palavras, e a terra tremerá sob seus pés. E, assim como outrora, em seguida a um espantoso desastre, se viu todo o senado de Roma e todas as ordens do Estado ir ao encontro do cônsul vencido, e felicitá-lo por não se ter desesperado da república, assim também o senado dos céus, todos os coros dos anjos, todas as ordens dos bem-aventurados virão ter com os generosos atletas que tiverem sustentado o combate até ao fim, esperando contra a esperança mesma: contra spem in spem. E então este ideal impossível, que todos os eleitos de todos os séculos tinham obstinadamente perseguido, se tornará enfim realidade. Neste segundo e derradeiro advento, o Filho entregará o Reino deste mundo a Deus seu Pai, e o poder do mal terá sido evacuado, para sempre, para o fundo dos abismos; todo aquele que não tiver querido assimilar-se, incorporar-se a Deus por Jesus Cristo, pela fé, pelo amor, pela observância da lei será relegado à cloaca das imundícies eternas. E Deus viverá e reinará plenamente e eternamente, não apenas na unidade de sua natureza e na sociedade das três pessoas divinas, mas na plenitude do corpo místico de seu Filho encarnado e na consumação dos santos!


Tradução: Carlos Nougué.


Fonte: “Discours prononcé le 8 novembre 1859 dans l’église cathédrale de Nantes à l’occasion de la réception des reliques de Saint Émilien”, in Oeuvres de Monseigneur l’Évêque de Poitiers, t. 3, Bibliothèque Nationale de France, p. 526-528. Citado aqui.

quarta-feira, 13 de julho de 2022

O JARDIM DE NOSSO SENHOR JESUS CRISTO

 

Santa Teresinha, imagem real.


Antes de pegar a caneta, ajoelhei-me diante da imagem de Maria (aquela mesma que tantas provas nos deu das maternas predileções da Rainha do céu por nossa família), e lhe pedi que guiasse minha mão para que eu não escrevesse uma linha sequer que não a agradasse. Em seguida, abrindo o Evangelho, meus olhos pousaram sobre estas palavras: «Jesus, tendo subido a uma montanha, chamou a si quem Ele quis; e vieram a Ele" (são Marcos, cap. III, v. 13). Eis o mistério de minha vocação, de minha vida inteira, e, sobretudo, o mistério dos privilégios dispensados por Jesus à minha alma... Não chama os que são dignos, mas quem Ele quer, ou, como diz São Paulo: "Farei misericórdia a quem eu fizer misericórdia; terei compaixão de quem eu tiver compaixão. Desta forma, a escolha não depende daquele que quer, nem daquele que corre, mas da misericórdia de Deus" (Carta aos Romanos, cap. IX, v. 15 e 16).

Durante muito tempo eu me perguntava por que Deus tinha preferências, por [que] todas as almas não recebiam a mesma medida de graças. Estranhava ao vê-lo prodigalizar favores extraordinários aos santos que o haviam ofendido, como são Paulo ou santo Agostinho, a quem forçava, por assim dizer, a receber suas graças; e quando lia a vida daqueles santos a quem o Senhor acariciou desde o berço até a sepultura, retirando de seu caminho todos os obstáculos que os impedisse de se elevar até Ele e provendo essas almas com tais benefícios para que nada lhes ofuscasse o brilho imaculado de suas vestes batismais, eu me perguntava por que tantos pobres selvagens, por exemplo, morriam antes mesmo de ouvir ou sequer pronunciar o nome de Deus...

Jesus quis instruir-me a respeito deste mistério. Pôs diante dos meus olhos o livro da natureza e compreendi que todas as flores por ele criadas são belas, e que o esplendor da rosa e a brancura do lírio não tiram o perfume da humilde violeta nem a simplicidade encantadora da margarida... Compreendi que se todas as flores quisessem ser rosas, a natureza perderia sua pompa primaveril e os campos já não seriam salpicados de florzinhas...

O mesmo ocorre no mundo das almas, o jardim de Jesus. Ele quis criar grandes santos, que podem ser comparados aos lírios e às rosas; mas criou também outros menores, e estes devem se conformar em ser margaridas ou violetas destinadas a alegrar os olhos de Deus quando contempla seus pés. A perfeição consiste em fazer sua vontade, em ser aquilo que Ele quer que sejamos...

Compreendi também que o amor de Nosso Senhor se manifesta tanto na alma mais simples, que não coloca nenhuma resistência a sua graça, quanto na alma mais sublime. É próprio do amor abaixar-se. Se todas as almas se parecessem às dos santos doutores que iluminaram a Igreja com a luz de sua doutrina, parece que Deus não teria que se abaixar bastante para vir a seus corações. Mas criou a criança, que nada sabe e só balbucia fracos gemidos, criou o pobre selvagem, que só tem a lei natural para guiá-lo. E também a seus corações ele se abaixa! São suas flores campestres, cuja simplicidade o encanta...

Assim se abaixando, Deus mostra sua grandeza infinita. Assim como o sol ilumina os cedros e cada florzinha, como se somente ela existisse sobre a terra, da mesma forma Deus cuida pessoalmente de cada alma, como se não existisse outra além dela. E assim como na natureza todas as estações estão de tal modo organizadas que no momento certo se abre até a mais humilde margarida, da mesma forma tudo concorre para o bem de cada alma.

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Trecho do livro História de Uma Alma, de Santa Teresinha.

terça-feira, 12 de julho de 2022

ORAÇÃO PELA CURA DE UMA PESSOA ENFERMA

 

S. Antônio adorando o menino Jesus, de Angelo Paglia (1681-1763).


Com respeito me prostro a vossos pés, meu grande Santo Antônio, e vos apresento uma humilde e afetuosa oração por aquela pessoa amada que é vossa devota e está presa de cruel enfermidade, que ameaça sua vida. Vós, que tendes um coração tão bom, vós, a quem o Eterno enriqueceu com tantas graças, que sois chamado o taumaturgo, lançai um olhar de compaixão sobre aquela infeliz; ouvi sua voz dolorosa e com vossa valiosa intercessão aliviai-a do mal e curai-a. Eu não mereço essa graça por ser demasiado o número de meus pecados diante de Deus, mas eu vos apresento o pedido das almas boas e inocentes, para que não possais resistir.

Querido santo, sede-nos bondoso, impetrai a saúde para esta pessoa que vos recomendamos.

Será possível que vós, tão solícito em conceder graças, ficareis surdo aos seus gemidos e suspiros?... Será possível que não vos movam à compaixão os votos humildes e calorosos de seus parentes e amigos?... Não posso crê-lo!... Falai, pois, a Jesus e a Maria, dizei-lhe que a enferma espera de sua bondade e por vossa intercessão a saúde perdida e juntamente outras graças espirituais. Se a conseguir (como esperamos), não se servirá dela para o mal, antes, vo-lo promete, aproveitá-la-á para atender com mais força à santificação de sua alma.

Amável santo, impetrai-me este favor e vos seremos agradecidos no tempo e na eternidade.

terça-feira, 5 de julho de 2022

COMO SANTO ANTÔNIO, ESTANDO A PREGAR, RECONHECEU O DEMÔNIO DISFARÇADO EM FIGURA DE CORREIO

 




Certa vez pregava Santo Antônio numa solenidade, quando o velho inimigo dos homens entrou na igreja, disfarçado em troteiro, e foi entregar uma carta a certa dona cujo filho tinha inimigos mortais. E dizia a carta que já os inimigos lhe tinham matado o filho, e até nomeava o lugar onde o crime fora praticado.

Ora o Santo, daquelas coisas nada ouviu com os ouvidos do corpo, nem seus olhos de longe podiam ter lido a carta; mas porque Deus lhe mostrou na alma tudo o que passava, a sossegar a dona apressou-se em dizer:

— Não vos amofineis, senhora! Vosso filho está vivo e com saúde, e em breve estará de volta sem que ninguém lhe tenha feito mal. Esse que veio até vós e aí está, é o demônio em pessoa. Tramou semelhante embuste só para perturbar o sermão.

E, palavras não eram ditas, quando o troteiro se esvaiu em fumo.

Extraído do Livro dos Milagres, capítulo XXII.
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